Em entrevista ao Financial Times (FT), Elon Musk abordou uma série de temas, incluindo a crescente tensão entre a China e Taiwan. A questão é especialmente pertinente para o homem mais rico do mundo, que tem interesse em manter relações saudáveis com o governo de Pequim, já que tem instalada na China uma das megafábricas da fabricante de automóveis elétricos Tesla.

De acordo com o FT, a questão sobre a China e os riscos para a fábrica da Tesla em Xangai terá recebido a maior pausa por parte de Musk, que não é imune a possíveis consequências de tensões por parte de Pequim.

Depois da visita de Nancy Pelosi, a presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, a Taiwan, durante o verão, aumentou a tensão entre Taipei e Pequim. Sobre este tema, Musk reconheceu que é “inevitável” um conflito, mas terá sido rápido a notar que não seria o único a enfrentar consequências. “A Apple também estaria em grandes problemas, isso é claro”, afirmou o homem mais rico do mundo.

E, depois de ter feito sugestões para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia (que foram mal recebidas, especialmente pelos dirigentes ucranianos), o dono da Tesla tem sugestões para a tensão entre a China e Taiwan. “A minha recomendação (…) seria a de encontrar uma zona administrativa especial para Taiwan que fosse razoavelmente apelativa, o que provavelmente não deixaria toda a gente feliz. E isso é possível, e acho que provavelmente, poderiam encontrar uma solução que fosse mais branda do que em Hong Kong.”

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Hong Kong tem o estatuto de região administrativa especial, tendo um governo e autonomia, mas continua a ser uma região que pertence à China. A relação nem sempre tem sido pacífica: em 2019, por exemplo, houve fortes protestos em Hong Kong devido à proposta que abria a porta a acordos de extradição para a China.

A sugestão de Musk está a ser fortemente contestada pelos políticos de Taiwan. Se o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan optou por não comentar as declarações de Musk, Wang Ting-yu, do Partido Democrático Progressista, escreveu no Facebook que “as empresas independentes individuais não podem ver as suas propriedades como uma piada”. “Por isso, por que razão é que passam casualmente as liberdades democráticas, a soberania e a forma de vida de 23 milhões de taiwaneses? Isto não é aceitável para a Ucrânia e Taiwan certamente não o vai permitir”, escreveu na rede social, citado pela Reuters.

Um oficial em Taiwan garantiu ainda à Reuters, pedindo anonimato, que Musk “precisa de encontrar um conselheiro político com ideias claras”. “O mundo já viu claramente o que aconteceu a Hong Kong”, referindo que a “vibração económica e social de Hong Kong terminou abruptamente com o controlo totalitário de Pequim”.

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