O Tesouro público português emitiu nesta quarta-feira mil milhões de euros em dívida de longo prazo, a três e nove anos, 651 milhões dos quais no prazo mais longo, onde os custos de financiamento subiram de forma expressiva. O custo da emissão de títulos a nove anos saltou para 3,2%, contra os 2,3% que pagou em junho para colocar dívida com o mesmo prazo (e em fevereiro pagava-se cerca de 1%).

A Agência de Gestão de Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) colocou também em obrigações do Tesouro a três anos 349 milhões de euros, com uma taxa de 2,081% – superior aos 1,77% da emissão realizada em setembro e para um prazo de quatro anos.

“Em ambas as emissões assistimos a uma subida do prémio de risco português”, comenta Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, em nota enviada às redações. “A subida que temos assistido nas yields nacionais é um reflexo do movimento global que se verifica no mercado de dívida”, acrescenta.

Os bancos centrais têm vindo a subir as taxas de referência, num movimento de tentativa de abrandamento da inflação e esperam-se novas subidas o que tem levado a um ajuste nas yields de toda a dívida soberana”, diz Filipe Silva.

Porém, salienta o especialista, apesar da subida do custo do serviço da dívida e com o impacto que isso tem na economia nacional, o spread contra a Alemanha “tem-se mantido estável”.

“O conflito entre a Rússia a e a Ucrânia tem sido mais disruptivo, com impacto na economia e inflação. O trabalho dos bancos centrais não tem sido facilitado, pelo que será importante que as taxas globalmente não subam para valores que venham espoletar outros problemas para além dos que já existem”, conclui.

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