Residentes numa aldeia remota de Cabo Delgado, norte de Moçambique, encontraram no domingo, nas matas, mais dois corpos que dizem ser de terroristas.
“Quando estávamos na machamba (campos agrícolas) sentimos um cheiro intenso: eram dois corpos” em avançado estado de decomposição, disse uma mulher de 47 anos, natural da aldeia de Ntoli, distrito de Nangade.
A comunidade não conseguiu relacionar as duas mortes com qualquer das suas famílias.
Não são pessoas daqui, parecem ser terroristas”, acrescentou.
Os relatos de descoberta de corpos nas matas têm sido recorrentes, refletindo os confrontos em curso entre forças militares e grupos rebeldes.
Ntoli foi atacada na última semana e o centro de saúde foi uma das estruturadas danificadas, decorrendo levantamentos pelas autoridades para o reabilitar.
“Nós, como povo, estamos carentes”, referiu a mesma residente.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ofereceu na última semana cinco ambulâncias ao governo provincial de Cabo Delgado, uma das quais para o distrito de Nangade.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por uma violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de violência a sul da região e na vizinha província de Nampula.
Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o ACNUR, e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.