Tomar suplementos de vitamina D, exceto em casos de saúde devidamente identificados, deve ser evitado: não há provas que tenha benefícios para a saúde (de forma generalizada) e pode ter efeitos secundários, alertou a Direção-Geral da Saúde (DGS) em 2019. No entanto, a venda de suplementos e medicamentos contendo vitamina D continua a aumentar, noticia o Jornal de Notícias.

Entre janeiro e setembro deste ano foram vendidas mais de 725 mil embalagens de medicamentos e suplementos com vitamina D. Em igual período do ano passado foram vendidas mais de 700 mil embalagens e, em 2020, mais de 650 mil. Vale a pena lembrar que, durante a pandemia de Covid-19, a vitamina D foi apresentada tanto como forma de prevenção como de tratamento da infeção, mas sem qualquer prova nesse sentido.

Vitamina D continua sem conseguir demonstrar ser eficaz na prevenção da Covid-19

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nuno Jacinto, presidente da Associação Portuguesa de Médicos de Medicina Geral e Familiar, disse ao JN que são precisos mais estudos sobre a necessidade de suplementação e potenciais indicações terapêuticas sob o risco de os médicos continuarem a prescrever de acordo com a sua “visão empírica”.

Mas o aumento das vendas não está só nos medicamentos com vitamina D — recomendados a pessoas com osteoporose, por exemplo. A venda de embalagens de suplementos alimentares que não carecem de prescrição subiu de 64 mil em 2020 para mais de 90 mil em cada um dos dois anos seguintes.

Ema Paulino, presidente da Associação Nacional das Farmácias, disse ao diário: “Se há deficiência de vitamina D, a suplementação é sempre positiva e as farmácias e os farmacêuticos estão capacitados para esclarecer a população”. No entanto, não é essa a indicação que vem na norma da DGS.

Por um lado, a deficiência de vitamina D deve ser prevenida pela ingestão de ovos e peixes gordos e pela exposição solar moderada. Por outro, a medição dos níveis de vitamina D no sangue não é recomendada, exceto pessoas com mais de 65 anos internadas mais de três meses ou doentes com fatores de risco conhecidos para a carência neste nutriente, especifica a norma. Logo, sem medição não há forma de dizer se há carência ou não e que significado têm os valores.

Nas crianças é sempre recomendada até aos 12 meses de vida e depois, até aos 10 anos, nos casos de raquitismo. Todas as restantes situações, em crianças e adultos, devem ser avaliadas por um médico, que deverá vigiar os potenciais efeitos tóxicos da vitamina D no sistema digestivo e nos rins.