O jornal Folha Nacional, do Chega, é editado este sábado pela primeira vez em papel, juntando-se nas bancas ao quase centenário Avante!, do PCP, os dois únicos que recorrem ao formato físico para chegar a mais apoiantes, de quadrantes políticos opostos.

A partir de agora vai ser possível encontrar nas bancas duas publicações impressas de jornais partidários: à edição semanal do jornal Avante!, com um custo de um euro e quarenta cêntimos, junta-se a primeira edição impressa do Folha Nacional, do partido Chega, com o preço de um euro.

Em declarações à agência Lusa, o diretor do Folha Nacional, Nuno Valente, afirmou que já era um objetivo do partido lançar uma edição em papel desde a estreia online em junho deste ano, e que o próximo passo é a publicação física mensal. Para já, a edição impressa vai ser trimestral.

“[Lançar a edição em papel] foi sempre um objetivo precisamente para conseguirmos chegar a um eleitorado no Alentejo, e sobretudo na zona de Setúbal, mais envelhecido e que não mexe tanto nas plataformas digitais. São pessoas que estão habituadas ao papel e queríamos chegar a essas pessoas”, explicou.

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O jornal, registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) como ‘Publicação Periódica’ de conteúdo “doutrinário”, conta sobretudo com o voluntarismo de militantes e simpatizantes que contribuem com conteúdos.

“Ao lançarmos o Folha Nacional não fizemos nada diferente do que os outros partidos já têm também. (…) O que nós queríamos não era inventar a roda, queríamos era ter mais um canal de divulgação das ideias do partido”, salientou o responsável, sustentando que este órgão é importante para o Chega porque o partido não tem comentadores em televisões ou jornais.

A preocupação em chegar a apoiantes que não tenham acesso a meios digitais é partilhada com os responsáveis do jornal ‘Avante!’, que não é estreante nestas andanças e teve a sua primeira edição em papel publicada em fevereiro de 1931, há mais de 91 anos.

“Podemos referir que o objetivo do Avante! é informar, formar e preparar para a ‘leitura’ e transformação do mundo, para a construção de um mundo melhor. Jornal comunista, o Avante! desempenha também um papel na organização do PCP abordando semanalmente nas suas páginas as propostas, as análises, posições e propostas do partido e a atividade das suas organizações. Neste sentido, pode afirmar-se que os seus objetivos fundamentais se mantêm”, sintetizou à Lusa Manuel Rodrigues, diretor do jornal comunista.

O responsável pelo jornal Avante!, também registado na ERC como ‘Publicação Periódica’ de conteúdo “doutrinário”, diz não desvalorizar nem descurar o papel dos meios eletrónicos na transmissão da sua mensagem, reconhecendo “a relevância da internet e a dinâmica e potencialidades das redes sociais nessa transmissão”.

“O jornal Avante! foi, aliás, o primeiro semanário em Portugal a ter uma versão integral na Internet, que iniciou em Abril de 1997. Mas consideramos de grande importância a existência do Avante! em papel, instrumento e suporte fundamental para os objetivos de um jornal com as características do Avante!, destinado a um diversificado conjunto de leitores, muitos dos quais, aliás, não têm condições de acesso à internet”, sustentou.

A equipa do jornal comunista funciona com oito pessoas em permanência, todas com carteira profissional de jornalista ou equiparada.

No caso do Folha Nacional, a equipa é para já liderada pelo gabinete de comunicação do partido, num total de seis pessoas que não trabalham em exclusivo para o jornal, assumindo outras funções, nomeadamente de assessoria do grupo parlamentar. Nenhuma tem carteira profissional de jornalista ou equiparada.

A primeira edição do Folha Nacional, disponibilizada à Lusa pelo partido, inclui publicações relacionadas com subvenções partidárias e o contexto atual de inflação, contando com uma entrevista ao politólogo Jaime Nogueira Pinto.

Além destas publicações em papel, outros partidos apostam nos meios digitais. O PS tem o jornal ‘Ação Socialista’, integrado no ‘site’ oficial do partido, que foi criado em 30 de novembro de 1978 e migrou para o online em fevereiro de 2015. Com edições diárias, é dirigido pela deputada Edite Estrela.

O PSD disponibiliza todas as semanas grátis no seu ‘site’ as edições do ‘Povo Livre’ e o Bloco de Esquerda tem a plataforma ‘Esquerda.net’.

Já o PCTP/MRPP tem ainda ‘online’ a publicação “Luta Popular”.