O alegado míssil russo que atingiu o território da Polónia caiu numa antiga fazenda agrícola onde se armazenam cereais, avançou a Gazeta de Wyborcza. A quinta fica em Przewodów, a seis quilómetros da fronteira com a Ucrânia e a pouco menos de 71 quilómetros de Lviv, cidade na fronteira da Ucrânia.
A explosão foi ouvida às 15h35 locais, menos uma hora em Portugal Continental, num raio de 15 quilómetros. Testemunhas dizem ter visto “um objeto estranho a cair rapidamente do céu para o chão”, antes de terem ouvido “uma explosão sobre a aldeia”.
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Alguns habitantes de Przewodow dizem ter ouvido dois assobios seguidos de dois estrondos na mesma altura em que os mísseis aterraram numa quinta de armazenamento de milho. “Um assobio, depois outro. Um pouco depois, ouvi dois estrondos fortes. Estava com tanto medo que senti arrepios a percorrer-me a espinha. Nunca ouvi nada parecido na minha vida”, descreveu Stanislaw Iwanejko, um fazendeiro de 60 anos, ao Gazeta.
A queda do míssil (ou destroços de um míssil abatido pelas forças ucranianas, outra das hipóteses), fez duas vítimas mortais. São ambas do sexo masculino — um capataz e um fazendeiro, funcionários de uma das empresas sediadas naquela quinta, que trabalhavam num edifício de tijolo onde se pesava o milho recolhido esta tarde.
O edifício ficou totalmente destruído. Todas as outras estruturas da empresa, que é liderada por um cidadão italianos há vários anos, foram cercadas por militares e um helicóptero sobrevoou a zona. Nem a polícia, nem os bombeiros libertaram informações sobre o caso. Duas ambulâncias foram também para o local.
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Num primeiro momento, um oficial dos serviços de informação norte-americanos terá avançado que os mísseis que cruzaram a fronteira da Ucrânia com a Polónia, um país membro da NATO, eram de origem russa.
Entretanto, Mariusz Gierszewski, o jornalista da Radio ZET que avançou com a notícia original na cidade de Przewodów, disse depois no Twitter que a explosão terá sido provocada pela interceção de um míssil russo por parte do exército ucraniano. “As minhas fontes nos serviços dizem que o que atingiu Przewodów é provavelmente os restos de um foguete abatido pelas Forças Armadas da Ucrânia”, disse o jornalista no Twitter.
O porta-voz do governo polaco, Piotr Müller, mostrou-se cuidadoso, apelando a que não fossem publicadas informações não verificadas. “Em conexão com a situação de emergência, o primeiro-ministro Morawiecki, em acordo com o Presidente Duda, ordenou que fosse realizada uma reunião do Comité Nacional de Segurança e Defesa”, afirmou.
O ministério da Defesa russo reagiu às notícias num comunicado que está a ser citado pelas agências de notícias do país, rejeitando que mísseis russos tenham atingido a Polónia. “Não foram feitos ataques contra alvos na fronteira entre a Ucrânia e a Polónia por meios de destruição russos”, garantiu Moscovo.
“As declarações dos media e responsáveis polacos sobre a alegada queda de mísseis ‘russos’ na área de Przewodów são uma provocação deliberada com o objetivo de conseguir uma escalada“, disse o ministério, citado pela TASS.
O porta-voz do Pentágono, o general Pat Ryder, afirmou durante uma conferência de imprensa que ainda não há provas suficientes sobre o que se terá passada na Polónia, acrescentando que ainda estão a averiguar a situação.
“Não quero especular quando se trata de compromissos de segurança e do Artigo 5.º [da NATO]”, afirmou. O artigo em questão prevê que, no caso de uma das nações que lhe compõe sofrer a ataque armado, isso será “considerado um ataque a todas”. O general adiantou ainda que vão defender “cada centímetro de território da NATO”.
Já a Ucrânia aponta o dedo diretamente à Rússia. “O terror não se limita às nossas fronteiras nacionais. Mísseis russos atingiram a Polónia“, disse Volodymyr Zelensky. “Quantas vezes a Ucrânia disse que o Estado terrorista não se limitará ao nosso país? É apenas uma questão de tempo até que o terror russo vá mais longe”, apontou Zelensky em declarações partilhadas no Telegram.
O chefe de Estado ucraniano prometeu apoio aos polacos, garantido que “a Ucrânia apoia-los-á sempre”: “O terror não libertará as pessoas! A vitória é possível quando não há medo! Vocês e eu não temos”. E disse que a Rússia lançou um total de 90 mísseis esta terça-feira que afetaram o sistema de energia; e que atingiram empresas e edifícios residenciais.