Por estes dias, Radim Passer é notícia na imprensa checa por a Passerinvest, grupo de investimento que fundou em 1991 e que tem experiência no sector da construção, estar a fazer a sua terceira emissão de títulos desde 2014 – agora no valor de 25 milhões de euros. Contudo, fora das fronteiras da República Checa, o multimilionário “saltou” para as notícias não pela sua faceta de empresário, mas sim pelo facto de se ter filmado a mais de 400 km/h numa auto-estrada na Alemanha, arriscando-se com isso a dois anos de prisão, apesar de o troço em questão não impor qualquer limite de velocidade. O caso gerou celeuma e seguiu para tribunal, com a justiça germânica a deliberar que não existe suporte para uma condenação e a arquivar o processo. Sem culpados.

Mas o acusado, depois de inocentado, sentiu necessidade de colocar uma pedra sobre o assunto com um outro vídeo em que revela detalhes curiosos sobre o caso que tanta tinta fez correr. Recorde-se que, tal como aqui relatámos, o episódio ocorreu no final de 2021, com a divulgação de um vídeo em que o empresário mostrava toda uma equipa unida na fé e na preparação para levar um Bugatti Chiron à sua velocidade máxima, numa parte da autobanh entre Berlim e Hanôver com uma enorme recta.

Bateu os 414 km/h na “autobahn”. Rezou antes e depois

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Sabe-se agora, pela boca do próprio Passer, que esse vídeo só foi tornado público por causa do professor de inglês do empresário, que lhe terá dito que um conteúdo daqueles iria fazer felizes muitos amantes da velocidade e de superdesportivos. Passer anuiu, mas, acrescenta, o vídeo teria também de reflectir “a glória de Deus”. Daí as rezas e as preces antes e depois de colocar o velocímetro do Chiron a apontar para os 414 km/h.

A título de curiosidade, a vivência religiosa de Tradim Passer é tal que o empresário não perde uma oportunidade para falar no “Senhor”. A ponto de, há 20 anos, ter fundado uma organização cristã chamada Maranatha, designação que em aramaico significa que “o Senhor está a chegar”.

O vídeo que abre esta peça – e que (apropriadamente) se intitula “epílogo”- arranca com a informação de que o empresário alcançou não 414 km/h, como se vê no minuto 5.13 do filme que documentou a façanha na via pública (frame aqui ), mas sim 417 km/h. Diferenças à parte, o certo é que o checo esteve perto de aflorar os 420 km/h de velocidade máxima que o Chiron atinge. Mas o facto de o ter feito em estrada aberta, podendo colocar em perigo outros condutores da A2, desagradou as autoridades alemãs. Sobretudo porque o vídeo se tornou viral, com visualizações. E isso poderia passar a mensagem de que nas autobahnen alemãs, onde não há limites de velocidade, também não há limites para o bom senso… Tanto assim foi que o relatório sobre a ocorrência, elaborado pela polícia da Alta Saxónia, sugeria que a acção de Passer se poderia equiparar à de um participante numa corrida ilegal. Seria, portanto, o tribunal a decidir se o milionário checo deveria ou não ir para trás das grades.

Rodou a 414 km/h numa auto-estrada alemã. Agora arrisca-se a dois anos de prisão

O juiz entendeu que o que o empresário fez foi “legal e seguro”, decisão que pode criar jurisprudência no futuro, levando a que qualquer outro automobilista se sinta “protegido” pela lei para fazer o mesmo que Passer fez, numa via pública sem limite de velocidade. Sem aparentemente revelar quaisquer sinais de arrependimento, o checo garante que nunca quis influenciar ninguém a fazer algo do género e escuda-se nas medidas que adoptou para minimizar o perigo da “operação”. Não obstante, assume que desde criança tem um fascínio por “potência, aceleração e velocidade máxima” e frisa que “nunca compraria um carro se não pudesse legalmente levá-lo ao limite”.