O Cazaquistão elege este domingo o chefe de Estado num escrutínio antecipado destinado a confirmar no poder o Presidente Kassym-Jomart Tokaiev, menos de um ano após os tumultos reprimidos com dureza pelas autoridades.

Em janeiro de 2022, Tokaiev ordenou “atirar a matar” sobre os manifestantes e agitadores, com um balanço de pelo menos 238 mortos, mas agora surge como um promotor da renovação e da concórdia nacional.

Esta eleição culmina um ano de forte agitação social no Cazaquistão, ex-república soviética da Ásia central rica em recursos naturais, com origem inicial nas profundas desigualdades sociais. Agora, este antigo diplomata de 69 anos promete empenhar-se num “novo Cazaquistão”, mais justo e menos corrupto.

Com este objetivo, afastou das áreas de decisão o poderoso clã do influente ex-presidente Noursultan Nazarbaiev, consolidando a sua posição três anos após a sua chegada ao poder em 2019.

Presidente do Cazaquistão dá ordem para “disparar a matar” contra manifestantes

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nestas presidenciais antecipadas, Tokaiev impediu qualquer veleidade dos principais opositores, e os cerca de 12 milhões de eleitores convocados para votar hoje apenas poderão escolher entre o atual líder e cinco candidatos sem projeção ou credibilidade.

Em termos internacionais, onde assentou a sua autoridade, o chefe de Estado em vias de ser reeleito prosseguiu a sua abordagem pragmática através de contactos regulares com a Rússia, China e ocidente.

Também criticou a invasão russa da Ucrânia ordenada pelo Presidente russo Vladimir Putin, mas recusou aderir às sanções norte-americanas e europeias dirigidas à Rússia, principal parceiro económico do Cazaquistão.

Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) já lamentaram que as suas recomendações “relativas às liberdades fundamentais e às condições de elegibilidade e inscrição dos candidatos” não tenham sido respeitadas.

Presidente chinês expressa apoio a Cazaquistão, vizinho preocupado com ambições russas

Tokaiev, que chegou ao poder após a demissão surpresa de Nazarbaiev em março de 2019, admitiu inicialmente uma política de continuidade face ao seu antecessor e mentor, antes da rutura com o todo-poderoso ex-presidente na sequência do sangrento mês de janeiro.

Numa demonstração da instabilidade que ainda prevalece no país asiático, as autoridades anunciaram na quinta-feira passada a detenção de sete apoiantes de um opositor no exílio, acusados de envolvimento na preparação de um “golpe de Estado”.