Cisne negro: evento altamente improvável com três características fundamentais. É imprevisível, tem um impacto enorme e, depois de consumado, encontram-se sempre explicações, mesmo que inusitadas, para o seu acontecimento (o ataque de 11 de setembro às Torres Gémeas é um exemplo). Um cisne negro na Rússia, explica Volodymyr Havrylov, adjunto do ministro ucraniano da Defesa, seria a queda de Vladimir Putin. “Desaparecer fisicamente ou politicamente”, explica o major-general na reserva numa entrevista à Sky News. Se um cisne negro acontecesse na Federação Russa, a Ucrânia conseguiria mais facilmente atingir os seus objetivos. No imediato, Havrylov acredita que a Crimeia pode ser libertada em dezembro e a guerra terminar até à primavera.
— Acha realista que consigam recuperar a Crimeia, digamos, em janeiro?
— Existe um fenómeno chamado cisne negro, um evento imprevisto, que ninguém espera. Acho que a Rússia pode enfrentar um cisne negro dentro do país, dentro da Rússia, e pode contribuir para o nosso sucesso na Crimeia. Há também opções militares, com algum tipo de combinação de forças, recursos e algo mais. Podemos entrar na Crimeia, por exemplo, até ao final de dezembro. É possível? É possível. Não está excluído que assim seja.
Se um cisne negro pode ter várias formas — o sucesso do Google é mais um exemplo —, no caso da Rússia, o major-general refere-se ao futuro do Presidente do país. “Putin desaparecer”, “física ou politicamente”, diz o ucraniano próximo de Zelensky, poderia ajudar a Ucrânia.
Havrylov acrescenta que esse desaparecimento poderia estar ligado a questões no círculo interno de Putin ou ao descontentamento da população russa devido a tantas perdas na guerra. Ou a uma mistura de vários fatores.
Sobre negociações, diz que a Ucrânia negociará com a Rússia quando ela tiver saído de todos os territórios ocupados, Crimeia incluída. “Há uma decisão dentro da sociedade ucraniana de que iremos até o fim”, seja qual for o cenário em cima da mesa. “As pessoas pagaram com muito sangue, com muito esforço o que já conseguimos.”
Na sua opinião, um conflito congelado ou qualquer tipo de pausa dará vantagem apenas à Rússia, que poderia reordenar as tropas e atacar a Ucrânia com mais força. “É por isso que não temos o direito de parar. Temos de avançar.”
Sobre o fim do conflito, Havrylov acredita que é preciso estar preparado para os diferentes cenários, e para uma guerra longa. No entanto, a sua intuição é de que a guerra estará a poucos meses do fim. “Sinto que no final da primavera esta guerra terminará.”