O nome John Bryan está para sempre ligado às polémicas fotografias captadas no verão de 1992, no sul de França, que mostravam o empresário norte-americano a beijar o pé de Sarah Ferguson. Apesar de já estar distanciada do marido, as imagens da duquesa de York em topless com o conselheiro fiscal correram as capas de jornais. Após quase 30 anos de silêncio, Bryan revelou pela primeira vez a história por trás do episódio.

Nem tudo é o que parece. E a foto, explica Bryan, é um desses casos. Numa entrevista ao Daily Mail, o empresário afirmou que estava no meio de um jogo sobre a Cinderela com as jovens princesas Beatrice e Eugenie: “Foi totalmente inocente, um belo momento de amor em família”, sublinha.

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“Nesse dia estávamos à brincar à Cinderela e eu disse ‘Vamos beijar o pé da mamã’. Era tudo parte de um jogo. Primeiro fui eu e depois acho que uma das raparigas, provavelmente a Beatrice fê-lo também”, afirmou. As fotografias divulgadas criaram, na sua opinião, uma narrativa “fabricada, distorcida e doentia”, acabando por “sexualizar algo que era tão inocente”.

“Sim, a Sarah estava em topless, mas era o Sul da França, por amor de Deus. E estávamos em privado, ou assim pensávamos. Estávamos com as raparigas, a divertir-nos. Costumávamos jogar jogos divertidos de faz conta”.

Este não foi a única revelação na entrevista ao Daily Mail. O empresário divulgou os detalhes de uma conversa secreta com o príncipe André, na qual ofereceu “conselhos honestos” após o escândalo da entrevista à BBC sobre as ligações a Jeffrey Epstein, episódio que o levaria a abandonar as funções públicas.

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A 30 de novembro de 2019, Bryan combinou com Sarah Ferguson visitar o Royal Lodge, em Windsor, dez dias após a Rainha ter suspendido o duque dos seus deveres reais. Acedeu ao edifício através de uma “entrada secreta”, sendo imediatamente recebido por um abraço da duquesa. “Abraçámo-nos. Eu acho que ela chorou e eu também. Foi maravilhoso voltar a vê-la”, revelou.

O empresário manteve-se em contacto com Fergie, apesar da separação. “A Sarah pediu-me para ajudar o André e as raparigas. Eu permaneci amigo da Sarah. Quanto tudo estava a desabar, quando as coisas estavam mal, ela contactava-me e eu ficava feliz de ajudar”. A entrevista de André tinha sido “catastrófica”, explicou, e por isso concordou ajudar a família a desenhar um plano de estratégico de longo prazo para restaurar a reputação do príncipe.

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O objetivo do plano, apelidado “House of Kroy” – a inversão da palavra York – era criar uma estratégia “honesta, na qual todos pudessem acreditar”. Era essencial que o príncipe André mostrasse simpatia pelas vítimas de Epstein, algo que não ficou visível nas entrevistas à BBC.

No dia seguinte Bryan regressou ao Royal Lodge e, desta vez, era recebido pelo príncipe André, a princesa Beatrice e o noivo, Edoardo Mapelli Mozzi, e a princesa Eugenie e o seu marido, Jack Brooksbank. O duque parecia “cansado”, “abatido” e foi a primeira vez, depois dos quatro anos em que namorou com Sarah Ferguson, que o ouviu levantar a voz. “Ele estava a gritar ‘Eu já não quero saber, não quero saber. Estou a ser tratado de forma injusta'”.

Durante um almoço com a família, o empresário explicou-lhes o plano. Era relativamente simples. O príncipe André, que tinha marcada uma reunião crítica sobre o seu futuro com o príncipe Carlos, deveria mostrar simpatia pelas vítimas. “A narrativa deveria ser: ‘Infelizmente, muitos de nós envolveram-se e cometeram erros terríveis. Epstein seduzi-me para isto, mas seduziu muitas pessoas … pessoas credíveis estão a ser levadas por este plano de extorsão escandaloso e parte de mim sente-se furiosa e parte de mim sente-se terrível pelas vítimas'”.

Sentei-me com toda a família durante o almoço e disse-lhes: ‘Vocês estão no meio de uma catástrofe e a partir daqui vai ser mil vezes pior'”.

A família pareceu concordar, mas, apesar dos “conselhos honestos”, o príncipe André viria a ignorar a estratégia. Quando no dia seguinte Bryan regressava aos Estados Unidos, o escândalo aprofundava-se, tal como tinha previsto. A BCC emitia a entrevista com Virginia Giuffre, que acusava o príncipe André de a coagir a ter relações sexuais quando ainda era menor.

Quanto às alegações, o empresário não tem dúvidas: o príncipe André é inocente.”Eu continuo a ser e sempre serei um outsider e como tal deixem-me ser o primeiro a dizer que acredito no príncipe André, e não o digo de forma leve. Este outsider tem muitos conhecimentos internos”, garantiu. “Acredito verdadeiramente que se algo menos próprio estava a acontecer eu saberia e a Sarah saberia. Mas não havia nenhum indício disso”.