A organização não-governamental Iran Human Rights (IHR) divulgou esta terça-feira que as forças de segurança iranianas mataram 72 pessoas, 56 das quais em regiões curdas, durante a última semana de repressão de manifestações contra o regime.
O balanço total ascende a 416 mortos desde o início do movimento de contestação desencadeado no Irão a 16 de setembro pela morte de Mahsa Amini, uma jovem curda iraniana de 22 anos violentamente agredida e detida pela “polícia da moral”, encarregada de fazer cumprir o rígido código de vestuário feminino.
A “polícia da moral” considerou que a jovem estava a infringir 0 código, porque, embora usasse o hijab (véu islâmico), este deixava ver parte do seu cabelo. No mesmo dia em que foi detida em Teerão, 13 de setembro, foi transportada para o hospital em coma, acabando por morrer três dias depois.
Entre os participantes mortos nos protestos realizados em mais de dois meses em todo o país, contam-se 51 crianças e 21 mulheres, segundo a IHR, com sede em Oslo.
Na última semana, a maioria das mortes ocorreu nas regiões curdas do oeste do Irão, para onde Teerão enviou reforços devido à intensificação da contestação popular.
Realizaram-se manifestações em várias cidades — Mahabad, Javanrud e Piranchahr -, muitas vezes relacionadas com cerimónias fúnebres de pessoas mortas pelas forças da ordem durante protestos anteriores.
O grupo Hengaw, de defesa dos direitos dos curdos do Irão, igualmente sediado na Noruega, acusou as autoridades de terem disparado munições reais sobre os manifestantes.
De acordo com o Hengaw, cinco pessoas foram mortas na segunda-feira em Javanrud, onde se tinham concentrado vários milhares de pessoas para prestar homenagem às vítimas do fim de semana.
Por seu lado, o NetBlocks, um site com sede em Londres que observa os bloqueios da internet em todo o mundo, indicou que o acesso esteve bloqueado “durante três horas e meia” na segunda-feira, na altura em que decorreram essas manifestações, mas também durante o jogo do Mundial no qual os jogadores de futebol da seleção iraniana não cantaram o hino nacional.