Farideh Moradkhani, sobrinha do líder supremo do Irão, o Ayatollah Alli Khamenei, foi presa na quarta-feira, 23 de novembro, depois de ter apelado à comunidade internacional para suspender “quaisquer acordos com o regime” iraniano e para expulsar os representantes deste país.

As declarações da já conhecida ativista e engenheira surgem num vídeo, partilhado na sexta-feira, 25 de novembro, no canal de Youtube de Mahmoud Moradkhani, o irmão de Farideh, sediado em França.

Segundo uma outra publicação de Mahmoud Moradkhani, Farideh terá sido depois detida. Antes apresentou-se no gabinete do procurador, em resposta a uma ordem do tribunal.

Farideh e Mahmoud Moradkhani são filhos de Ali Tehrani, dissidente clérigo e opositor do regime que casou com Badri Hosseini Khamenei, irmã do Ayatollah Alli Khamenei. Tehrani morreu em outubro com 96 anos.

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“Oh, pessoas livres, estejam do nosso lado e digam ao vosso governo para pararem de apoiar este regime assassino e assassino de crianças. Este regime não é leal a qualquer principio da sua religião e não conhece leis ou regras, exceto a força e a manutenção do seu poder de qualquer maneira possível”, disse Farideh no vídeo, citada pela CNN.

“Agora, num momento crítico da História, toda a humanidade está a olhar para o povo iraniano, de mãos vazias, com coragem e valentia exemplares, a lutar com as forças do mal”, continuou. “Neste ponto do tempo, o povo do Irão carrega sozinho o fardo desta responsabilidade pesada ao pagar com as suas vidas.”

Não é a primeira vez que a sobrinha do Ayatollah Alli Khamenei é presa: a 13 de janeiro foi detida, a caminho de casa. Na sequência da detenção, a sua casa foi revistada pelas autoridades iranianas que apreenderam alguns dos seus bens.

O Irão é palco de protestos há mais de dois meses, desde que a 16 de setembro Mahsa Amini, curda de 22 anos, morreu no hospital, depois de ter sido detida e espancada pela autoproclamada polícia da moralidade. Amini estaria, alegadamente, com o véu mal colocado.

Nos protestos, que já chegaram a a mais de 150 cidades e 140 universidades, já foram detidas 14 mil pessoas — 21 enfrentam a pena de morte e seis já viram esta pena ser-lhes aplicada, disse Volker Turk, alto comissário dos Direitos Humanos nas Nações Unidas.