O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, revelou que o Governo está a acompanhar a situação dos preços dos medicamentos para garantir que em 2023 não haverá agravamento de custo para os utentes e assegurou que os contratos programa com os hospitais são assinado no próximo mês.

O governante, que falava na Comissão Parlamentar de Saúde, onde foi ouvido esta quarta-feira durante cerca de quatro horas na sua primeira audição regimental, garantiu que o Governo está atento aos custos dos medicamentos, sublinhando que, em matéria de inflação, não há influência sobre os preços dos medicamentos.

“O problema dos medicamentos é outro: É saber se, em alguns casos, a degradação do seu preço não contribui para a sua carência no mercado”, considerou o ministro.

E acrescentou: “Estamos a acompanhar isto com muito cuidado de forma a garantir que em 2023 não haverá agravamento de custos para os utilizadores, utilizando os diferentes mecanismos que nós temos de correção dos preços e trabalhando no estabelecimento de uma lista de medicamentos cuja criticidade é maior na sua ausência”.

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Em resposta às perguntas do deputado do PCP João Dias sobre as falhas de medicamentos nas farmácias, Manuel Pizarro disse que “há casos que não têm relevo para os doentes”, insistindo: “Temos de separar o trigo do joio e tratar de forma diferente aquilo que é diferente”.

“Podemos ter de fazer acertos nos preços (…) para os casos de medicamentos de maior criticidade. O que garanto é que o bolo global não aumentará encargos para as pessoas, nem para o Estado”, garantiu.

Contratos programa com hospitais vão ser assinados na primeira quinzena de dezembro

Por outro lado, o ministro da Saúde  assegurou que todos os contratos programa com os hospitais serão assinados já na primeira quinzena de dezembro, permitindo dar luz verde aos planos de atividades e orçamento até janeiro.

Manuel Pizarro considerou esta medida “decisiva” para a autonomia dos hospitais, tanto para contratações como para investimentos.

No início de novembro foi publicado o despacho que estabelece um mecanismo de negociação entre hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a Direção Executiva do SNS, permitindo mais autonomia de gestão aos hospitais, que define que os planos de atividades e orçamento dos hospitais devem estar aprovados até final do ano anterior.

Manuel Pizarro foi igualmente questionado pelos deputados sobre a possibilidade de criar Unidades de Saúde Familiar (USF) de modelo C, uma situação que já tinha sido admitida pelo governante, mas que o Bloco de Esquerda tinha considerado tratar-se de uma cedência aos privados.

Esta quarta-feira, na resposta à deputada da Iniciativa Liberal Joana Cordeiro, que perguntou se o Governo admitia regulamentar as USF de modelo C – lembrando que no âmbito das negociações do Orçamento do Estado para 2023 o PS tinha chumbado uma proposta da IL nesse sentido -, Manuel Pizarro voltou a insistir que esta opção (USF C) seria sempre “pontual, temporária e transitória”.

“Só admitimos regulamentar as USF modelo C se for em regime supletivo, temporário, transitória e localmente estabelecido”, repetiu.

Estamos a estudar um plano de contingência para resolver o problema do acesso dos utentes aos nossos cuidados de saúde primários, nomeadamente nas regiões onde esse problema se coloca, na região de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve e, nesse contexto, essa medida está a ser equacionada”, disse ainda.

Sobre a possibilidade de recorrer aos setores social ou privado para aliviar as urgências, o ministro disse que as urgências nestes dois setores estavam tão pressionadas como as do setor público, adiantando: “Admitimos recorrer ao que for necessário para proteger a saúde dos portugueses”.

Manuel Pizarro foi ainda questionado por diversos deputados sobre as demissões nos hospitais Garcia de Orta e Amadora-Sintra, tendo afirmado que em nenhum dos casos os profissionais abandonaram os seus postos de trabalho.

O ministro manifestou preocupação com os pedidos de demissão em ambos os hospitais e disse que “está em curso um amplo processo de dialogo” no caso do Hospital Garcia de Orta e que confia que “serão tomadas as medidas necessárias”.

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No entanto, não deixou de desvalorizar o impacto do que está a acontecer em vários hospitais. “Dos pedidos de demissão não resulta nenhuma quebra na cadeia hierárquica. Ninguém saiu do seu lugar”, disse Manuel Pizarro, acrescentando: “É um sinal de alerta”.

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