Três pontos para um lado, um ponto para o outro, um apuramento para discutir. Sérvia e Suíça entravam em campo no derradeiro horário da fase de grupos do Mundial do Qatar e lutavam pela segunda vaga de acesso aos oitavos de final — num grupo em que o Brasil, com duas vitórias noutras tantas jornadas, já estava apurado.

As contas, apesar do emaranhado pontual, até eram fáceis de fazer: os sérvios tinham obrigatoriamente de ganhar e esperar que os Camarões não ganhassem ao Brasil, enquanto que os suíços dependiam de si mesmos e só precisavam mesmo da vitória, podendo até garantir o apuramento com um empate se os camaroneses não vencessem os brasileiros. Quem ficasse no segundo lugar do Grupo G, entretanto, já sabia que encontrava Portugal nos oitavos de final.

Depois da derrota com o Brasil e o empate com os Camarões, Dragan Stojković lançava Mitrovic e Vlahovic no ataque, apoiados por Tadic, com o ex-Benfica Zivkovic a ser titular e os bem conhecidos Grujic, Gudelj, Radonjic, Jovic, Racic e Djuricic a começarem todos no banco. Já Murat Yakin, depois da vitória com os Camarões e a derrota com o Brasil, colocava Embolo enquanto referência ofensiva e apostava em Shaqiri, Sow e Vargas nas costas do avançado. Seferovic, que ainda pertence aos quadros encarnados e está emprestado ao Galatasaray, era suplente.

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Numa primeira parte jogada a alta velocidade, com a intensidade natural de uma partida que valia um apuramento, a Suíça começou por colocar-se em vantagem por intermédio de Shaqiri (20′) — ficando ainda mais confortável no segundo lugar do grupo. Em menos de 10 minutos, porém, a Sérvia deu a volta ao marcador: e proporcionou uma autêntica cambalhota na matemática. Mitrovic empatou (26′), Vlahovic assegurou a vantagem (35′) mas, já perto do intervalo, Embolo recuperou a igualdade (44′). No fim do primeiro tempo, até porque Camarões e Brasil permaneciam empatados a zero, eram os suíços quem seguia em frente para defrontar Portugal nos oitavos.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a Suíça não demorou praticamente nada a recuperar a vantagem no marcador. Freuler fez o terceiro golo (48′) e fechou as contas, carimbando o apuramento suíço apesar da insistência da Sérvia, que não desistiu até ao apito final. Com este resultado e com o empate a zeros entre Camarões e Brasil, os suíços qualificaram-se para os oitavos de final através do segundo lugar do grupo e apenas atrás dos brasileiros e vão defrontar Portugal já na próxima terça-feira.

A pérola

  • Como quase sempre na história recente da Suíça, Xherdan Shaqiri voltou a ser decisivo. O avançado que no último verão decidiu cruzar o Atlântico e abraçar o desafio da MLS dos Estados Unidos com os Chicago Fire abriu o marcador contra a Sérvia e deu o mote para uma partida em que a seleção de Murat Yakin teve de se superar emocionalmente para travar e anular a confiança dos sérvios.

O joker

  • Marcou aos Camarões, marcou à Sérvia, só não marcou ao Brasil. Aos 25 anos, Breel Embolo está a ser o abono de família da Suíça neste Mundial do Qatar — e assinou o empate, mesmo em cima do intervalo, que levou os suíços virtualmente apurados para o intervalo e psicologicamente muito mais descansados. Formado no Basileia, com passagem pelo Borussia Mönchengladbach e a atuar no Mónaco, é provável que não fique pelo Principado muito mais tempo.

A sentença

  • A Suíça ficou no segundo lugar do Grupo G e apurou-se para os oitavos de final, cruzando com Portugal já na próxima terça-feira. O Brasil venceu o grupo, defrontando a Coreia do Sul de Paulo Bento, e tanto Sérvia como Camarões estão eliminados do Mundial do Qatar. Os suíços repetem desde já a prestação de há quatro anos, na Rússia, quando também chegaram aos oitavos de final.

A mentira

  • Não, esta Sérvia ainda não consegue colher os frutos de uma das melhores gerações de sempre. À terceira tentativa, os sérvios continuam sem conseguir ultrapassar a fase de grupos de um Campeonato do Mundo e voltam a ser eliminados na ronda inicial — num ano em que, com Vlahovic, Mitrovic e companhia e o apuramento direto para o Mundial que atirou Portugal para o playoff, se esperava muito mais.