A mini-remodelação recente do Governo “é uma espécie de salada russa”, defendeu este domingo Luís Marques Mendes, no comentário semanal que o antigo líder do PSD e atual conselheiro de Estado mantém na SIC.
Para Mendes, a remodelação recente “não tem uma orientação política”, que vise mudar políticas setoriais no executivo. Trata-se apenas de “tapar buracos” causados por problemas no Governo e que afetaram secretário de Estado como Miguel Alves, antigo governante que saiu depois de ser acusado pelo Ministério Público do crime de prevaricação.
“São muitos casos em oito meses de Governo, muitas demissões, polémicas, conflitos internos. São oito meses que parecem oito anos”, apontou o comentador, a propósito da “degradação” do novo executivo de António Costa que está em funções há menos de um ano.
Mini-remodelação. Mendonça Mendes passa a braço-direito de António Costa
Neste seu comentário semanal, Luís Marques Mendes abordou ainda as notícias relativas a encerramentos de urgências e serviços de saúde em Portugal, devido, em grande parte, à falta de médicos disponíveis. “Há um problema sério que se arrasta há muito tempo e, pior, que se agrava. O ministro [da Saúde, Manuel Pizarro] diz que é um problema crónico. Mas é legítimo perguntar a um Governo em funções há sete anos porque deixou a situação chegar a este ponto”.
O Governo [liderado por António Costa] tem sete anos, não são sete meses. É difícil compreender: em sete anos, a situação, em vez de melhorar, piorou?”, apontou Marques Mendes.
Para o comentador político, não há motivos para que um primeiro-ministro que governa há sete anos não consiga resolver um problema central: “Ser-se médico no Serviço Nacional de Saúde deixou de ser uma função atrativa”. As razões, entende Marques Mendes, são três: “Os médicos são mal pagos, muitas vezes o projeto profissional não é motivador — porque as condições de trabalho não são boas — e há excesso de burocracia e trabalho administrativo que os médicos têm de fazer”. Mas não basta constatar a realidade, defendeu Mendes, vincando que se exige aos Governos que consigam corrigir e atenuar o problema.