É uma mini-remodelação governamental precipitada por duas demissões no ministério da Economia a juntar à de Miguel Alves há duas semanas. De uma assentada, António Costa nomeou seis secretários de Estado, dois que mudam de pasta e quatro que entram no Executivo. E nomeia para a sua própria equipa: António Mendonça Mendes passa dos Assuntos Fiscais para secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, cargo que tinha sido deixado vago por Miguel Alves.

A saída de Mendonça Mendes levou a uma dança das cadeiras no ministério das Finanças e Fernando Medina criou mesmo uma secretaria de Estado que não existia na atual orgânica do Governo: João Nuno Mendes passa do Tesouro para secretário de Estado das Finanças. Para os Assuntos Fiscais, o tal lugar que Mendonça Mendes deixa vago, entra Nuno Santos Félix. Já Alexandra Vieira Reis passa a secretária de Estado do Tesouro, cargo de onde sai João Nuno Mendes.

No ministério da Economia entram para secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, e para secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda.

As ligações familiares regressam à mesa do Conselho de Ministros

Voltam assim a existir ligações familiares no Conselho de Ministros, contrariando uma regra informal que António Costa impôs em 2019, quando o Executivo tomou posse na ressaca do familygate. No segundo Governo de António Costa, José António Vieira da Silva (que tinha a filha Mariana como ministra) e Ana Paula Vitorino (que tinha o marido Eduardo Cabrita sentado à mesa do Conselho de Ministros) saíram de ministros.

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A relação familiar terá sido um dos motivos e, na altura, até Eduardo Cabrita partilhou a publicação de uma ativista que criticava esse critério. Que agora já não vale. A partir de sexta-feira, António Mendonça Mendes terá assento no Conselho de Ministros, onde também está a irmã, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.

António Costa tinha decidido não ter um secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro neste Governo, mas em meados de setembro foi buscar Miguel Alves a Caminha para ocupar o cargo. Menos de dois meses depois de tomar posse, ao ser acusado pelo Ministério Público do crime de prevaricação, Miguel Alves acabou por sair e o cargo voltou a ficar vago. Costa fez saber que estaria à procura de um novo braço-direito. É neste contexto que surge António Mendonça Mendes.

O primeiro-ministro mantém assim a tendência de reforçar o Governo com figuras com peso no aparelho do PS. Se Miguel Alves era presidente da Federação do PS de Viana do Castelo, António Mendonça Mendes foi recentemente reeleito presidente da Federação do PS de Setúbal.

As entradas depois das saídas (na Economia)

A turbulência do Governo voltou a aumentar esta manhã quando o Jornal de Negócios anunciou que o secretário de Estado da Economia, João Neves, tinha sido demitido e que, provavelmente, a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, também seria. Ambos tinham algo em comum: afrontaram o ministro da própria tutela ao contrariarem o que o governante quando este defendeu uma descida transversal do IRC.

António Costa demite dois secretários de Estado

Para o lugar de João Neves entrou Pedro Cilínio, que era diretor  de Investimento para a Inovação e Competitividade Empresarial do IAPMEI (Agência para a Competitividade e Inovação). Já para o lugar de Rita Marques entra Nuno Fazenda, deputado que, no Parlamento, coordenava a subcomissão de acompanhamento do PRR. Há um mês, em entrevista ao programa Sofá do Parlamento, da Rádio Observador, Nuno Fazendo tinha, precisamente, elogiado o ministro a propósito da contenda que teve os secretários de Estado: “Costa e Silva é um grande ativo do Governo”.

Nuno Fazenda, do PS: “António Costa e Silva é um grande ativo do Governo”

A tomada de posse dos três secretários de Estado será na próxima sexta-feira, 2 de dezembro, segundo informa a nota do Palácio de Belém.