O marido da ex-apresentadora de televisão Ana Lúcia Matos é um dos seis arguidos que ficaram em prisão preventiva esta terça-feira na sequência da operação “Admiral” por suspeitas dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal, branqueamento e falsificação de documentos, num esquema que terá lesado os cofres da União Europeia em 2,2 mil milhões de euros. Ana Lúcia Matos, que foi apresentadora da CMTV e da TVI, e os restantes sete detidos vão aguardar o desenrolar do processo em liberdade, mas não podem comunicar entre eles, constituir empresas ou abrir contas e tiveram que entregar os passaportes.
As medidas de coação foram conhecidas esta terça-feira no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, que acrescentou aos indícios de vários crimes o de falsificação de documentos. Um dos arguidos em prisão preventiva poderá ficar em casa quando estiverem criadas as condições de vigilância determinadas pelo juiz.
Os 14 suspeitos, de nacionalidades portuguesas e francesas, foram detidos pela PJ do Porto há uma semana depois de uma investigação conjunta com a Administração Tributária integrada numa megaoperação que envolveu recolha de prova na Alemanha, França, Itália, Espanha, Bélgica, Países-Baixos, Luxemburgo, República Checa, Hungria, Grécia, Roménia, Eslováquia, Grécia, Áustria, Lituânia e Chipre.
“A atividade criminosa estava alicerçada na constituição sucessiva de uma complexa cadeia de empresas, na sua maioria com o objeto social de venda de equipamentos informáticos em plataformas online, que na verdade operavam executando os atos necessários para se locupletarem com as quantias de IVA recebidas da venda desses produtos a clientes finais, num esquema típico da Missing Trader Intra-Community (MTIC) Fraud, que lesa os cofres da União Europeia”, anunciou então a PJ em comunicado, sublinhando que estão em causa transações fraudulentas superiores a 2,2 mil milhões de euros.
A operação envolveu cerca de 100 buscas em vários concelhos do país: Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Braga, Guimarães, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Coimbra, Figueira da Foz, Lisboa, Corroios, Vila Franca de Xira, Sintra e Funchal. Foram apreendidas vários carros e bens de luxo, material informático, mais de dois milhões de euros em dinheiro e vários documentos que servirão de prova no processo. Foram ainda arrestadas 50 viaturas, 47 propriedades e cerca de 600 contas bancárias nacionais.