A primeira cimeira da União Europeia (UE) com os Balcãs Ocidentais na região decorre esta terça-feira na capital albanesa, em Tirana, com o foco nos impactos da guerra na Ucrânia e da crise energética, visando um “novo dinamismo” diplomático.
Naquela que é a primeira vez que um país dos Balcãs Ocidentais acolhe esta reunião de alto nível, juntam-se em Tirana chefes de Governo e de Estado dos Estados-membros da UE, bem como da Albânia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia do Norte, Montenegro, Kosovo e da Sérvia, depois de o Presidente sérvio ter retrocedido na sua intenção de falhar ao encontro por tensões com o primeiro-ministro kosovar.
“Esta é a primeira vez que realizamos uma cimeira com os Balcãs Ocidentais na região e penso que este é um símbolo da força e da relação, também contra o pano de fundo da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, e representa um novo dinamismo nas nossas relações”, referiu um alto funcionário europeu.
Organizada para reafirmar a importância do alargamento do bloco a esta região, no contexto da guerra na Ucrânia e da crise energética, esta cimeira UE-Balcãs Ocidentais será “um claro sinal do contínuo compromisso de alto nível da UE em se empenhar com a região“, acrescentou um outro alto responsável europeu.
Isso mesmo consta da Declaração de Tirana que será assinada pelos líderes dos 27 Estados-membros da UE e dos seis países da península balcânica, segundo o rascunho a que a agência Lusa teve acesso, no qual o bloco comunitário “reafirma o seu compromisso total e inequívoco com a perspetiva de adesão à UE dos Balcãs Ocidentais e apela à aceleração do processo de adesão”.
O bloco comunitário reafirma, porém, a necessidade de os seis países realizarem “reformas credíveis”, para preencherem os critérios de adesão.
Numa altura de severa crise energética, nomeadamente pelos receios de rutura no abastecimento russo à Europa, os Estados-membros da União e os países dos Balcãs vincam na Declaração de Tirana a possibilidade de avançar com “compras comuns de gás, GNL [gás natural liquefeito] e hidrogénio”.
No início de novembro, no âmbito da iniciativa da UE sob liderança alemã para aproximar os seis países e promover a cooperação regional (o chamado “Processo de Berlim”), Bruxelas anunciou um pacote de mil milhões de euros em subvenções para ajudar os Balcãs Ocidentais a enfrentarem as consequências imediatas da crise energética, que será agora formalizado.
No que toca à guerra na Ucrânia causada pela invasão russa, a Declaração de Tirana frisa que “permanecer junto da UE é um sinal claro da orientação estratégica dos parceiros [dos Balcãs], agora mais do que nunca”.
Nesta cimeira, caberá ainda aos líderes da UE e dos Balcãs discutir o plano de ação apresentado na segunda-feira pelo executivo comunitário para reforçar a cooperação com os países dos Balcãs Ocidentais ao nível das migrações, que identifica 20 medidas operacionais para melhorar a gestão das fronteiras, cada vez mais pressionadas.
Portugal estará representado no encontro pelo primeiro-ministro, António Costa.
A UE tem vindo a desenvolver uma política de apoio à integração progressiva dos países dos Balcãs Ocidentais.
Em 2013, a Croácia tornou-se o primeiro país dos Balcãs Ocidentais a aderir à UE, sendo que o Montenegro, a Sérvia, a Macedónia do Norte e a Albânia são oficialmente países candidatos.
Entretanto, foram iniciadas negociações e abertos procedimentos de adesão com o Montenegro e a Sérvia, enquanto a Bósnia-Herzegovina e o Kosovo são candidatos potenciais à adesão.