Depois de abrir as encomendas para o novo 408 em Outubro, a Peugeot está a prever iniciar as entregas em Janeiro de 2023 e, para podermos avaliar o potencial do seu modelo mais recente, desafiou-nos a conhecê-lo e a conduzi-lo nos arredores de Barcelona. Trata-se de um crossover, uma espécie mais “civilizada” de SUV por ser menos alto, o que por tabela lhe permite um comportamento mais ágil e um melhor rendimento aerodinâmico. E tudo indica que o novo modelo deverá ser um sucesso em Portugal, conquistando clientes nas marcas concorrentes, mas também os que potencialmente poderiam adquirir os Peugeot 308 e 508.
O novo 408 é uma espécie de canivete suíço para o construtor francês. Começa por ser construído sobre a plataforma EMP2, a mesma que serve o 308 do segmento C, mas numa versão mais “esticada” para poder concorrer com os rivais do segmento D. Em termos práticos, o 408 está para a Peugeot como o C5 X está para a Citroën, oferecendo veículos maiores, com 4,7 metros de comprimento, tipicamente a bitola do segmento D, mas com um preço mais competitivo.
408 tem um olho nos SUV e outro nas carrinhas
A estratégia do construtor francês consistiu em propor um veículo versátil, capaz de atrair uma clientela tão variada e vasta quanto possível. Assim, o 408 pisca simultaneamente o olho a quem procura uma berlina convencional do tipo fastback, com uma acentuada inclinação da traseira, e a quem pretende as carrinhas, com uma mala generosa e uma quinta porta de grandes dimensões. Mas o seu aspecto mais volumoso e com maior altura ao solo faz com que o mais recente modelo da Peugeot consiga também atrair não propriamente quem procura um SUV tradicional, como o 3008 ou 5008, mas sim os que visam uma versão mais civilizada deste tipo de veículos, habitualmente denominados crossovers.
Estes crossovers são, muitas vezes, apelidados de SUV mais civilizados por serem ligeiramente mais baixos, o que lhes permite serem mais leves e aerodinâmicos, com vantagens para os utilizadores, que acabam por preferir um veículo um pouco mais alto, com uma posição mais elevada e melhor visibilidade. E, simultaneamente, com maior à-vontade numa incursão por estradas em terra batida, em virtude da distância ao solo, que no caso do 408 está fixada nos 188 mm.
Enorme por dentro. Bate o 508
O novo Peugeot 408 foi concebido em cima da mais recente plataforma do Grupo Stellantis, a EMP2, a mesma que é utilizada pela Peugeot no 308, por exemplo, mas também no Opel Astra e no Citroën C5 X. Curiosamente, o 508 é anterior a esta EMP2, que além das versões a gasolina e gasóleo, permite ainda mecânicas PHEV e 100% eléctricas.
Em termos práticos, o 408 recorre a uma versão mais esticada da EMP2, quando comparada com a versão utilizada pelo 308 e 308 SW, uma vez que exibe um comprimento de 4,687 m e uma distância entre eixos de 2,787 m, o que o coloca acima do 308 (4,367 m e 2,675 m) e do 308 SW (4,636 m e 2,732 m) e muito próximo do 508 (4,750 m e 2,800 m). Sucede que o 408 explora melhor a distância entre eixos em favor de um maior habitáculo, pelo que a sensação que nos transmitiu o modelo quando nos sentámos a bordo foi a de um maior espaço para as pernas, apesar de as rodas anteriores estarem mais próximas 1,3 cm.
Dentro do habitáculo gostámos ainda da versão mais recente do i-Cockpit, o que inclui o painel de instrumentos 3D e o mais actual software que permite controlar uma série de funções do veículo a partir do painel central, apesar de os nossos 1,75 m de altura não nos permitirem obter uma posição correcta ao volante, por a Peugeot ter concebido o painel de instrumentos de forma a ser visível por cima do volante e não através dele, como acontece em todos os outros modelos.
Os acabamentos no habitáculo são bons e os materiais agradáveis à vista e ao tacto, não perdendo em nada para o que já vimos no 508. Também em termos da volumetria da bagageira, o novo 408 nada fica a dever ao topo de gama da Peugeot, disponibilizando 536 litros para arrumar objectos (471 litros nos PHEV), contra 487 do 508 berlina e 530 do 508 SW. Mas o que se nota sentado a bordo é a maior altura, com o 408 a reivindicar uma altura de 1,478 m, acima pois dos 1,41 m do 508 e 1,42 m do 508 SW.
Três motorizações e nada de diesel
O novo Peugeot 408 não vai oferecer qualquer versão animada por motores a gasóleo, apresentando-se no mercado exclusivamente com três mecânicas. Isto enquanto não chega o e-408, 100% eléctrico, que será apresentado no final de 2023, para começar a ser entregue aos clientes no início de 2024.
Todos os 408 montam as caixas de velocidade automáticas EAT8, com o mais acessível a recorrer ao motor 1.2 Puretech de 130 cv a gasolina que, face aos 1468 kg anunciados pelo fabricante, lhe garante um dinamismo aceitável, com 10,4 segundos para ir de 0-100 km/h, para depois atingir 210 km/h se continuar a exercer pressão sobre o acelerador.
Os 408 mais potentes são os que recorrem aos motores PHEV, surgindo em duas versões, com 180 ou 225 cv. Ambas conjugam um motor eléctrico com 110 cv e 320 Nm com o 1.6 sobrealimentado com quatro cilindros a poder debitar 150 ou 180 cv, mas sempre 250 Nm de binário. Uma bateria com 12,4 kWh de capacidade (10,2 kWh úteis, recarregáveis a 7,4 kW) permite anunciar em WLTP um consumo homologado de 1,1 ou 1,2 l/100 km, além de uma autonomia em modo eléctrico de 64 km. Este valor é, como em todos os modelos PHEV, bastante optimista, mas pela nossa experiência ao volante ficámos com a ideia que 45 km é uma meta perfeitamente realista.
Comportamento ágil, com mais de berlina do que SUV
Durante a apresentação internacional do modelo gaulês, tivemos apenas oportunidade de conduzir o 408 mais potente, o Plug-in Hybrid 225. Começámos por determinar até onde o crossover francês conseguia ir exclusivamente em modo eléctrico, reforçando a ideia que 45 km entre carregamentos é perfeitamente possível, desde que se adopte por um ritmo calmo. E a prova que o 408 não necessita de motor diesel foi confirmada pelo facto de termos realizado um percurso misto, já com a bateria “seca”, logo com a mecânica PHEV a funcionar como se tratasse apenas de um híbrido, com um consumo médio de 5,8 l/100 km, o que garante custos de utilização similares aos de um modelo com estas características animado por um motor turbodiesel.
Depois foi a vez de pôr à prova os 225 cv de potência total, que torna possível a este 408 anunciar 233 km/h (225 km/h na versão PHEV 180) e a capacidade de ir de 0-100 km/h em 7,8 segundos (8,1 segundos no PHEV 180), uma vez que a bateria e a presença da unidade eléctrica elevam o peso em 313 kg, fixando a fasquia nos 1781 kg. Mais importante do que a capacidade de aceleração, que é superior quando a bateria ainda tem energia para permitir que o motor eléctrico reforce a potência debitada pelo motor a gasolina, é a sensação de ligeireza que o 408 Plug-in Hybrid 225 transmite ao condutor, com potência disponível a todos os regimes e a responder assim que solicitávamos o acelerador.
Isolando bem o ruído exterior (os vidros mais espessos ajudam), o nível de conforto a bordo é bom, outra situação em que o 408 iguala facilmente o 508, com o crossover a revelar ainda um comportamento em curva eficiente e que dá prazer quando decidimos rodar mais depressa numa estrada sinuosa. E é precisamente nestas condições que o 408 ultrapassa os outros SUV da marca (como o 3008 e 5008), cuja maior altura – ao solo e total – belisca o comportamento em asfalto de forma mais evidente.
Quando chega e por quanto?
O 408 é uma espécie de crossover coupé que a Peugeot coloca no segmento C, mas que promete conquistar os clientes que procuram um segmento D versátil, com um preço convidativo. O novo modelo da Peugeot, que abriu as encomendas em Outubro, vai chegar a Portugal a partir de Janeiro de 2023 com três níveis de equipamento, respectivamente o Allure, o Allure Pack e o GT, sendo este último o mais desportivo e bem equipado.
Motores, como já afirmámos, há três, com o 408 Allure 1.2 PureTech 130 a ser o mais acessível, proposto por 35.800€. A versão Allure Pack com esta mecânica está à venda por 37.450€, enquanto a GT é transaccionada por 40.250€.
Se a versão a gasolina do 408 deverá ser a preferida dos particulares, as empresas e os profissionais liberais deverão privilegiar os 408 PHEV. O Plug-in Hybrid 180 vê os seus preços arrancarem nos 44.600€, na versão Allure (o Allure Pack implicará um investimento de 45.850€ e o GT 48.650€). O Plug-in Hybrid 225, o topo de gama do novo modelo, surge apenas disponível com os níveis Allure Pack (47.350€) e GT (50.150€). Preços competitivos que o colocam entre o 308 e o 508.