O Presidente moçambicano considerou esta segunda-feira que a consolidação da segurança nas zonas devastadas pelo terrorismo é a prioridade das forças governamentais, admitindo a prevalência de “focos isolados” de instabilidade em Cabo Delgado e em alguns distritos de províncias vizinhas.

“Permanecem ainda ativos focos isolados de terrorismo”, disse Filipe Nyusi, no seu discurso anual sobre o estado da nação na Assembleia da República, em Maputo.

Segundo o chefe de Estado, apesar das operações militares para a consolidação da estabilidade em áreas reconquistadas pelas forças governamentais, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), as autoridades registaram focos de instabilidade em vários pontos de Cabo Delgado e em alguns distritos de províncias vizinhas, com destaque para Memba e Eráti, em Nampula.

“Estes ataques provocaram mortes de inocentes e a destruição de bens de população”, lamentou o Presidente moçambicano.

Apesar dos “focos de instabilidade”, o chefe de Estado frisou que as Forças Armadas de Defesa e Segurança de Moçambique continuam em prontidão, num esforço para garantir a paz e estabilidade nos pontos reconquistados e que já recebem populações que decidiram voltar às suas zonas de origem.

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“Num balanço geral, nós fomos durante 2022 consolidando a segurança nos locais afetados pelo terrorismo […] Fomos capazes de prestar a assistência humanitária a mais de um milhão de pessoas deslocadas e temos estado a assegurar o regresso voluntário das populações”, declarou Filipe Nyusi.

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da SADC, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

O parlamento moçambicano é dominado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), com uma maioria qualificada de 184 dos 250 assentos que compõem a AR, seguida da Renamo, com 60, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), com seis lugares.