Martina Navratilova foi diagnosticada com cancro da mama e da garganta. A antiga tenista, agora com 66 anos e vencedora de 18 Grand Slams, vai iniciar os tratamentos ainda durante este mês de janeiro e tem “prognóstico favorável”, já que ambos os tumores foram encontrados numa fase ainda muito precoce.
Em declarações ao The Times, Navratilova explicou que as duas situações não estão relacionadas: enquanto realizava os exames definitivos para descobrir o tumor na garganta, deparou-se com um nódulo no peito. Em 2010, há mais de uma década, a tenista já tinha sido diagnosticada com um cancro da mama não invasivo, do qual recuperou através de radioterapia.
Martina Navratilova, one of the greatest athletes in history, has been diagnosed with Stage 1 throat cancer.
In addition, an unrelated form of breast cancer was discovered during exams. Both cancers are in their early stages with great outcomes.
Thinking of you, @Martina ❤️
— TENNIS (@Tennis) January 2, 2023
“Este golpe duplo é sério mas é tratável. Estou à espera de um resultado favorável. Vai ser muito chato durante algum tempo mas vou lutar com tudo aquilo que tenho”, garantiu Martina Navratilova, que nasceu na então Checoslováquia e naturalizou-se norte-americana. “Não falava muito sobre cancro da mama antes de o ter. Agora, sou abordada por outras mulheres e partilhamos as nossas histórias. É encorajador perceber que existe vida depois do cancro”, acrescentou.
Consensualmente interpretada como uma das melhores tenistas de todos os tempos, Navratilova conquistou 18 Grand Slams entre três vitórias no Open da Austrália (1981, 1983 e 1985), duas em Roland Garros (1982 e 1984), nove em Wimbledon (1978, 1979, 1982-1987 e 1990) e outras quatro no US Open (1983, 1984, 1986 e 1987). Uma das principais histórias da tenista é o facto de, em 1975 e depois de ser eliminada nas meias-finais do US Open por Chris Evert, ter decidido pedir asilo aos Estados Unidos e naturalizar-se norte-americana — apesar de ter nascido em Praga, na então Checoslováquia.
Um pormaior que fez com que, em 1978 e na primeira de nove meses que conquistou o torneio de Wimbledon, não tenha contado com a presença dos pais no Grande Slam britânico. Depois de fugir da Checoslováquia aos 18 anos, em busca do american dream, passou quatro anos sem ver qualquer elemento da família. Durante o jogo, nem sequer sabia se os pais iam conseguir ver a final. “É nessas alturas que te focas e continuas. Era tudo muito emocional, mas não te afundas nisso porque se o fizeres, não consegues jogar”, revelou a tenista ao The New York Times.
Depois da vitória, descobriu que os pais tinham viajado até Pilsen, junto à fronteira alemã, e conseguiram assistir ao jogo através da televisão. O pai acabou por conseguir telefonar para o balneário para a congratular. “Nunca me lembrei de lhe perguntar: ‘Calma, como é que conseguiste o número?'”, recordou Navratilova.
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Martina Navratilova voltou a vencer Wimbledon no ano seguinte, em 1979. Com a ajuda de um pedido especial da Duquesa de Kent, o governo checoslovaco emitiu um visto de turismo para a mãe da tenista, Jana, que chegou a Inglaterra na véspera do início do torneio para ver a filha jogar. A família, ainda assim, só estaria completamente reunida alguns anos depois.
Casada com uma antiga Miss União Soviética, assumiu a homossexualidade em 1981 e chegou a manter um relacionamento com Nancy Lieberman, antiga basquetebolista que chegou a ser treinadora adjunta dos Sacramento Kings na NBA. A tenista jogou e venceu a última partida da carreira em Wimbledon: a final do torneio de pares mistos em 2003, com 46 anos. Retirou-se em 2006, com 49 anos e esse palmarés de 18 Grand Slams conquistados, num recorde que divide com Billie Jean King. Foi a número 1 do mundo durante um total de 332 semanas em singulares e 237 semanas em pares, sendo a única tenista da história a manter a liderança dos dois rankings durante mais de 200 semanas.