A Assembleia da República aprovou esta sexta-feira um voto de pesar pela morte do papa emérito Bento XVI, destacando que Joseph Ratzinger foi “um eminente teólogo” e “lançou importantes pontes de diálogo com não crentes”.
O voto de pesar foi apresentado pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e subscrito pelas bancadas do PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal. Mereceu os votos favoráveis de todas as bancadas e deputados únicos, à exceção do Bloco de Esquerda, que se absteve.
No voto, o parlamento “expressa o seu profundo pesar pelo falecimento do papa emérito Bento XVI, endereçando à Igreja Católica e a toda a sua comunidade as mais sentidas condolências”.
“Oriundo da Baviera, na Alemanha, onde foi ordenado padre em 1951, Ratzinger foi um eminente teólogo. Destacou-se enquanto pensador e intelectual, produzindo sólida reflexão, nomeadamente em torno da união da fé e da razão, e lançou importantes pontes de diálogo com não crentes”, salienta.
Assinalando o percurso de Joseph Ratzinger, os deputados apontam que “teve um papel de relevo no Concílio Vaticano II, onde o jovem – embora já reputado – professor de teologia participou enquanto consultor teológico”.
Lembrando que Bento XVI abdicou do pontificado em 2013, o parlamento considera que “o seu legado refletirá certamente a importância deste gesto fundacional, bem como o empenho e a dedicação que Bento XVI revelou no seu magistério, em tempos difíceis para a Igreja Católica”.
O papa emérito Bento XVI, que morreu no sábado com 95 anos, abalou a Igreja ao resignar do pontificado por motivos de saúde, a 11 de fevereiro de 2013, dois meses antes de comemorar oito anos no cargo.
Joseph Ratzinger, que foi papa entre 2005 e 2013, nasceu em 1927 em Marktl am Inn, na diocese alemã de Passau, tornando-se no primeiro alemão a chefiar a Igreja Católica em muitos séculos e um representante da linha mais dogmática da Igreja.
Os abusos sexuais a menores por padres e o “Vatileaks”, caso em que se revelaram documentos confidenciais do papa, foram temas que agitaram o seu pontificado. Bento XVI classificou os abusos como um “crime hediondo” e pediu desculpa às vítimas.
O funeral de Bento XVI realizou-se na quinta-feira, na Praça de São Pedro, no Vaticano, celebração que foi presidida pelo Papa Francisco.