O presidente executivo da CGD considerou esta terça-feira que a rede de balcões faz uma cobertura adequada do território português e disse que para este ano não estão previstos fechos, mas admitiu que poderá haver mais no futuro para manter o banco competitivo.
“A Caixa não tem previsto encerramentos para este ano mas estará atenta ao mercado e garanto que não ficará a olhar para outros, não ficará a perder competitividade enquanto outros ganham rentabilidade para poderem comprar bancos por um euro”, disse Paulo Macedo, em audição na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças.
“Só uma pessoa tonta diria que não vai encerrar nada”, sublinhou o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), garantindo, ainda assim, que o banco “não vai deixar populações abandonadas nem sair de concelhos”.
A Comissão Executiva da CGD foi ouvida esta terça-feira no parlamento após aprovação por unanimidade do requerimento do PS sobre o fecho de 23 balcões no verão. Já o requerimento do PCP para audição do ministro das Finanças sobre o mesmo tema foi chumbado com o voto contra do PS.
Segundo Macedo, a CGD tem o maior número de balcões entre os cinco maiores bancos. Em Portugal, disse, só o grupo Crédito Agrícola tem mais balcões do que a CGD, o que justificou pelas particularidades daquele grupo financeiro.
Além disso, afirmou, a CGD tem hoje “mais balcões do que a Direção-Geral da Concorrência [da Comissão Europeia] tinha imposto” aquando do plano de reestruturação, que arrancou em 2017 e durou até 2020, justificando que isso aconteceu porque a CGD apresentou rentabilidade e eficiência que lhe permitiu manter mais balcões abertos do que estava contratualizado.
Macedo disse que, no fecho de balcões, a CGD “não segue critérios de rentabilidade” ou fecharia balcões como os de Barrancos ou Vidigueira, que não fecharam nem tencionam fechar, acrescentou.
Sobre o fecho de 23 balcões no verão, o administrador José João Guilherme estimou que a CGD vai poupar 10 milhões de euros por ano e acrescentou que há agências do banco a “distâncias relativamente curtas da agência encerrada”.
Em setembro de 2022, a CGD tinha 456 agências (além de 30 Espaços Caixa, três agências móveis e seis ‘agências automáticas’), segundo as contas do terceiro trimestre do ano passado.
Sobre saídas de trabalhadores, Macedo disse que a CGD não faz despedimentos e que o que tem são programas voluntários de saída (desde logo em reforma e pré-reforma, o que neste caso pode ser feito aos 55 anos) com condições financeiras que considerou muito favoráveis. “Na primeira semana do ano, 170 pessoas pediram para sair da Caixa porque atingiram 55 anos”, adiantou. “Há bancos que despediram mas não é a Caixa”, afirmou.
A Caixa Portugal tinha 5.964 trabalhadores em fim de setembro.
Questionado sobre a continuidade da Culturgest (a fundação da CGD dedicada às artes), Macedo disse que o “objetivo é de a manter” e que o banco “podia ter decidido acabar com a Culturgest em 2017”, mas que decidiu que fazia parte da sua responsabilidade social. Já gestão da Culturgest é “autónoma, a administração não se mete”, disse.