Quando soou o apito inicial, o objetivo do Sporting era alcançar o melhor resultado possível na Luz. Quando Trincão marcou, o objetivo do Sporting passou a ser vencer na Luz. Quando Gonçalo Ramos fez golo, voltou ao plano A. Quando Pote converteu o penálti, recuperou o plano B. Quando Ramos bisou, o plano A foi até ao apito final. E agora, já depois do apito final na Luz, o objetivo do Sporting não é claro.

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Com a 16.ª jornada praticamente concluída, os leões mantêm-se a 12 pontos da liderança do Benfica mas estão agora a oito do Sp. Braga e podem ficar a sete do FC Porto se os dragões vencerem o Famalicão no Dragão. Pelo meio, o Sporting pode mesmo perder o 4.º lugar e ser ultrapassado pelo Casa Pia se os lisboetas derrotarem o Estoril esta segunda-feira — e ver também o V. Guimarães ficar a apenas dois pontos se os vimaranenses ganharem ao Gil Vicente em Barcelos.

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Com os dois sofridos na Luz, os leões levam agora 14 golos concedidos fora de Alvalade no Campeonato — só os últimos dois classificados, Marítimo e P. Ferreira, têm um registo pior. O Sporting já perdeu 19 pontos na Liga, mais do que em toda a temporada anterior, e leva nove vitórias, cinco derrotas e dois empates ao longo das 16 jornadas já disputadas. Ainda assim, na zona de entrevistas rápidas, Rúben Amorim mostrou-se agradado com a forma como a equipa abordou o dérbi.

“Começámos bem, com bola, com tranquilidade. Vínhamos de um momento difícil mas conseguimos implementar o nosso jogo. Sabíamos o que o Benfica queria e consegue fazer, porque é uma equipa cheia de talento, bem treinada. Acabámos por chegar com justiça ao golo. Depois o Benfica respondeu, foi sempre um jogo meio dividido. Por vezes com mais bola, por vezes com mais transições, mas acabou por ser um bom jogo. No fim, o Benfica esteve um bocadinho por cima, o ambiente também ajudou. Foi um excelente jogo e foi pena não termos garantido os três pontos”, começou por analisar o treinador leonino.

Mais à frente, Amorim justificou a primeira substituição que fez na partida, quando trocou Matheus Reis por Jeremiah St. Juste. “O Matheus já estava com dificuldades e depois reparámos que ia entrar o Neres, um jogador muito rápido, e sabíamos o que o Benfica queria fazer. O que fizemos foi olhar para os centrais. O St. Juste ainda tem um limite de tempo mas é muito rápido. O Inácio adaptou-se bem à esquerda, portanto, foi olhar um bocadinho para aqueles jogadores de trás e ter em conta as transições. O que estivesse mais cansado ia sair e foi o que aconteceu”, explicou o técnico, que voltou a abordar as incidências da partida já na sala de imprensa.

“Acima de tudo defrontámos uma grande equipa. Precisamos desta consistência que temos em alguns períodos, principalmente na primeira meia-hora. Precisamos dessa consistência ao longo de 90 minutos. Isso requer tempo, para uma equipa que sofre alterações. Todas as equipas têm esse processo, com jogadores jovens, com jogadores novos. É isso que falta, manter isso por mais tempo. Mas mantivemos sempre uma grande consistência a defender e a atacar. Tentámos sempre ganhar o jogo, mesmo no fim, mas acabámos por não conseguir […] Mesmo assim, numa equipa que não vem de um grande momento e que está numa época difícil, a forma como segurámos o jogo e voltámos a atacar mesmo quando sofremos os golos mostra que esta equipa é um bocadinho bipolar, por vezes. Tem a ver com a experiência da equipa, com o talento que eles têm. Para se ter este rendimento igual à forma como entrámos é preciso tempo, experiência. E eles vão adquirir isso com o tempo”, acrescentou.

Sobre a desvantagem para os lugares cimeiros da classificação, Rúben Amorim não quis alongar-se muito. “É pensar jogo a jogo, como fizemos com este jogo. No último logo se vê”, atirou, recusando-se ainda a comentar a confusão vivida ainda no relvado e junto à área técnica que fez com que a flash interview fosse adiada alguns minutos. “São coisas que acontecem num dérbi. Está lá a polícia para ver o que se passou. Não vou aumentar o problema”, sentenciou.