Tal como já aqui tínhamos antecipado, o eléctrico mais barato à venda no mercado europeu vai passar a disponibilizar uma nova variante que, de certa forma, procura colmatar as críticas que foram feitas ao Spring original, por muitos descrito como um excelente modelo para… ver as vistas, por os seus 45 cv não permitirem uma grande agilidade. Ironicamente, nada disso impediu que o pequeno Spring, um citadino a dar ares de crossover, registasse mais de 100.000 encomendas, desde que foi lançado na Primavera de 2021. Mas o construtor romeno do Grupo Renault ambiciona uma ascensão meteórica na tabela de vendas na Europa, razão pela qual apresentou no Salão de Bruxelas a versão Extreme, cujas encomendas podem ser colocadas a partir de hoje em Portugal.

Em 2022, é expectável que o Spring esteja no pódio dos carros eléctricos mais vendidos a clientes particulares na Europa e o n.°1 em França. Frequentemente adquirido como segundo carro de uma família, o Spring é o principal meio de transporte, durante a semana, para 90% das famílias com vários veículos. Arrojado e visionário, o Spring está perfeitamente alinhado com as necessidades de mobilidade dos seus clientes”, destaca o vice-presidente sénior de Marketing, Vendas e Operações da Dacia, Xavier Martinet, que o Observador já teve oportunidade de entrevistar.

Xavier Martinet

Para continuar a alargar a base de clientes, a Dacia segue a fórmula do costume: disponibiliza uma versão melhorada do crossover a bateria, por apenas mais 50€ que a versão Expression que vem substituir e que atrai 8 em cada 10 compradores particulares do Spring. Assim, mantém-se a bateria de 26,8 kWh que anima o modelo original, mas o motor standard de 33 kW (45 cv) cede lugar a uma nova unidade motriz com 48 kW (65 cv), sendo que o novo motor eléctrico está acoplado a uma nova transmissão que “multiplica o torque passado às rodas”. Há ainda alguma indefinição acerca dos resultados concretos introduzidos por estas alterações, já que a Dacia não menciona sequer as prestações, nem quantifica o incremento do binário. Limita-se, simplesmente, a assegurar “uma maior aceleração e melhores recuperações numa vasta gama de regimes”.

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“Se a Dacia está satisfeita, se os concessionários estão satisfeitos e se os clientes estão satisfeitos, para quê mudar?”

Certo mesmo é que não há forma de o Spring Extreme não se tornar mais “vivo” que a versão básica, sendo que o facto de manter o acumulador acaba por penalizá-lo em apenas 10 km. O alcance entre recargas baixa dos 230 km da versão standard para 220 km em ciclo combinado, de acordo com o protocolo europeu de medição de consumos e emissões WLTP. Contudo, em meio urbano, o terreno de eleição para o eléctrico romeno, as cifras não sofrem qualquer alteração, com a autonomia em ciclo citadino a manter-se nos 305 km.

Este reforço de argumentos custa (muito) pouco. Em França, mercado onde o Spring é o eléctrico mais vendido no mercado retalhista, com a abertura de encomendas chegou também o preço da versão Extreme. Sem incentivos e com taxas já incluídas, custa 22.300€, ou seja, apenas mais 1500€ que o Spring Essential. Por cá, o Spring Expression Electric 45 custa 22.000€ e o Extreme Electric 65 que o vem substituir sofre um aumento de apenas 50€, sendo comercializado por 22.050€, isto é, uma diferença de 1650€ para o Spring Essential Electric 45.

Em contrapartida, oferece de série muito mais equipamento e um conjunto de elementos diferenciadores, em que se incluem os detalhes em castanho acobreado nas barras de tejadilho, nas capas dos retrovisores exteriores, nos cubos das rodas e no emblema da marca no portão da bagageira. Padrões topográficos nas protecções inferiores das portas são outro dos elementos distintivos do Electric 65, a que se juntam ainda faixas com um desenho topográfico nas portas da frente e uma referência ao snorkel do Duster, entre as portas e os guarda-lamas da frente.

A composição de cada uma das versões no mercado francês

O interior mantém essa linha de diferenciação, com vários pormenores em Copper Brown, mas o que provavelmente aporta mais valor percebido é o chamado Techno Pack, que inclui de série ecrã central com 7 polegadas, navegação com seis actualizações num período de três anos, radares de marcha-atrás e câmara para facilitar a manobra. Outra “cortesia” desta versão é a regulação electrónica dos espelhos retrovisores exteriores. Estes itens são propostos de série em Portugal. De mencionar, ainda, que o Sandero, o Duster e o Jogger também vão ter direito a uma versão Extreme, com uma estética mais aventureira.