De um lado, a luta para ser campeão. Do outro, a luta para não descer. Este domingo, o Manchester City recebia o Wolverhampton no Etihad e os objetivos das duas equipas não poderiam ser mais distintos — se os citizens precisavam de vencer para não arriscar alargar a desvantagem para a liderança do Arsenal, o Wolves precisava de pontuar para continuar a fugir à zona de despromoção.

Vindo de duas derrotas nos últimos três jogos, incluindo no dérbi de Manchester contra o United, o City sabia que era necessário ganhar para não deixar fugir o Arsenal. Ainda assim, Pep Guardiola garantia que o foco teria de estar virado para dentro. “Nada disto pode ser sobre eles perderem ou não contra o Manchester United. Se jogarmos como jogámos contra o Tottenham, na quinta-feira, não vamos apanhá-los. Temos de mudar. Estamos em segundo. Não estamos a 25 pontos deles e ainda existem 57 pontos para disputar. Mas a jogar desta forma, como jogámos contra o Tottenham? Não temos hipótese”, explicou o treinador espanhol na antevisão da partida contra a equipa de Julen Lopetegui.

Do lado do Wolverhampton, as notícias têm estado maioritariamente relacionadas com o mercado de transferências. A armada portuguesa em Inglaterra emprestou Gonçalo Guedes ao Benfica mas já garantiu Matheus Cunha, Mario Lemina, Sarabia e também Craig Dawson, experiente central contratado ao West Ham. E Lopetegui, chamado para substituir Bruno Lage e lutar pela manutenção na Premier League, apostava no otimismo.

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“Repito muitas vezes que será uma corrida muito longa e muito difícil até ao último minuto. É esta a sensação que tenho e tenho a certeza de que estou certo, portanto, temos de estar prontos para chegar fortes a esse momento. Vamos ganhar algumas vezes, vamos perder algumas vezes. Mas temos de manter o equilíbrio em todos os momentos porque, para mim, essa será a chave para manter a mentalidade dos últimos meses. Vamos enfrentar uma das melhores equipas do mundo mas mantemos a ambição de chegar lá e jogar bem para sermos capazes de retirar tudo o que seja positivo. Esse é o nosso foco e cada jogo, cada momento, terá 100% da nossa energia”, adiantou o treinador espanhol.

Assim, Guardiola deixava os três portugueses no banco, apostando no jovem Rico Lewis no meio-campo e em Grealish no apoio a Haaland, e Lopetegui lançava José Sá, Nélson Semedo, Matheus Nunes e Rúben Neves, com João Moutinho, Toti Gomes e Podence a começarem todos enquanto suplentes. O Manchester City abriu o marcador já perto do intervalo, com Haaland a aproveitar um cruzamento perfeito de De Bruyne para cabecear e bater Sá (40′), e terminou a primeira parte a vencer o Wolverhampton pela margem mínima.

Ambos os treinadores mexeram ao intervalo, com Guardiola a trocar Lewis por Nathan Aké e Lopetegui a lançar Matheus Cunha, Sarabia e Moutinho. Sem que estivessem cumpridos 10 minutos da segunda parte, porém, o City aumentou a vantagem: Rúben Neves fez falta sobre Gündoğan no interior da grande área e Haaland, de grande penalidade, não deu hipótese a Sá e bisou na partida (50′).

Menos de cinco minutos depois, o hat-trick. José Sá cometeu um erro colossal na saída de bola e entregou a posse a Mahrez, que fez com que Haaland só precisasse de encostar para a baliza praticamente deserta (54′). O jovem avançado chegou ao quarto hat-trick na Premier League ao 19.ª jogo na liga inglesa, quebrando um recorde que pertencia a Ruud van Nistelrooy e aproximando-se de Alan Shearer, o único a assinar cinco hat-tricks numa única temporada em Inglaterra.

Guardiola decidiu poupar o norueguês pouco depois, lançando Julián Álvarez, e Lopetegui ainda foi à procura de alguma coisa com a entrada de Podence. E até ao fim, à exceção da entrada de Bernardo Silva, já pouco aconteceu. O Manchester City venceu o Wolverhampton e garantiu que não vai deixar fugir o Arsenal na liderança da Premier League — e, para isso, só precisou de aproveitar mais um hat-trick de Haaland, que já leva 25 golos na liga inglesa.