O Spotify vai despedir 6% do total de trabalhadores. No final de setembro, a empresa comunicou ao mercado um total de 9.800 empregados — feitas as contas, este corte equivale a menos 588 empregados no serviço de streaming de música.
“Como muitos outros líderes, esperava resistir aos ventos fortes da pandemia e acreditava que o nosso negócio global e o baixo risco de impacto de um abrandamento nos anúncios nos isolaria. Em retrospetiva, fui demasiado ambicioso a investir antes do crescimento das nossas receitas“, diz Daniel Ek, o CEO da empresa sueca, numa comunicação aos empregados, entretanto tornada pública pela companhia. “Assumo a responsabilidade total pelas ações que nos trouxeram até aqui.”
“Como sabem, ao longo dos últimos meses temos feito um esforço considerável para controlar os custos, mas simplesmente não foi suficiente”, justifica o CEO.
Agora, diz que o foco está em garantir que “todos os empregados são tratados de forma justa à medida que abandonam a empresa”. O Spotify antecipa que os custos ligados às compensações possam variar entre 35 milhões a 45 milhões de euros.
Os trabalhadores afetados vão começar a ser avisados ainda esta segunda-feira, explica a nota de Daniel Ek. Cada empregado vai receber “aproximadamente cinco meses de salário” como parte desta compensação. Também serão pagos os dias de férias, o seguro de saúde continuará ativo durante o período de compensação e haverá apoio para os trabalhadores estrangeiros a nível de imigração.
A companhia sueca já tinha transmitido ao mercado, no ano passado, que ia congelar as contratações, decisão que continua ao longo deste ano. O setor tecnológico está desde 2022 a atravessar uma vaga de despedimentos: na semana passada, foi a vez de a Alphabet, a dona da Google, anunciar a saída de 12 mil pessoas. Também a Microsoft anunciou o despedimento de 10 mil pessoas.
Google vai despedir 12 mil pessoas. CEO da proprietária Alphabet assume “total responsabilidade”
Neste momento, entre as grandes tecnológicas, a Apple é a única a escapar a este cenário. A Meta oficializou em 2022 o despedimento de 11 mil pessoas e a gigante de comércio eletrónico Amazon vai cortar 18 mil empregos.
Amazon vai despedir mais de 18 mil pessoas, acima do que anunciou em novembro
Spotify faz mudanças nos executivos
Daniel Ek diz que a “velocidade é a melhor estratégia de defesa que um negócio pode ter”, mas que só isso não é suficiente. “Temos de operar de forma eficiente.”
Dois executivos da empresa vão concentrar um maior número de funções, passando a liderar as equipas na qualidade de co-presidentes da companhia. Gustav Söderström, atualmente responsável pela área tecnológica, vai ser diretor de produto e Alex Norström será diretor de negócio. Daniel Ek diz que estão na empresa sueca “desde o início” e que vão ajudá-lo a “gerir a companhia no dia-a-dia”.
Há também uma saída, a de Dawn Ostroff, até aqui responsável por conteúdos e anúncios no Spotify. O CEO destaca que foi devido aos esforços da executiva norte-americana que o “conteúdo de podcasts cresceu em 40 vezes” e que a companhia conseguiu “inovar nos anúncios”, atingindo receitas de 1,5 mil milhões de euros. “Estamos enormemente agradecidos pelo seu papel de mudança que desempenhou e pelo seu enorme sucesso”. Daniel Ek diz que vai existir um momento de “transição”, já que Alex Norström irá assumir a responsabilidade do negócio de conteúdos, publicidade e licenciamento.
(atualizada às 13h25 com mais informação)