A Microsoft confirmou que vai fazer despedimentos, naquela que é uma nova ronda de cortes de postos de trabalho. A dona do Windows vai despedir 10 mil pessoas até ao final do terceiro trimestre deste ano fiscal, foi anunciado numa publicação assinada por Satya Nadella, o CEO da companhia.

Ficaram, assim, confirmadas as notícias sobre estes planos de despedimentos, avançadas por meios como a Sky NewsBloomberg e Wall Street Journal. A Sky News falava num número “significativo” de cortes nos postos de trabalho em várias geografias, que poderia chegar a 5% da força de trabalho da tecnológica. A tecnológica dá emprego a 220 mil pessoas, o que rondaria um despedimento de 11 mil pessoas. Já a Bloomberg citava uma fonte próxima que especifica que esta decisão poderá concentrar-se nas áreas de engenharia, mas explicando que não foi possível apurar um número concreto sobre estes possíveis despedimentos.

A comunicação tornada pública pela Microsoft na tarde desta quarta-feira foi transmitida primeiro aos empregados da tecnológica. “Estamos a viver tempos de mudança significativa e, à medida em que tenho encontros com clientes e parceiros, algumas coisas ficaram claras”, escreve Satya Nadella. Embora reconheça que os clientes estão a acelerar os gastos com transformação digital, o líder da Microsoft diz que há empresas a tentar “otimizar os gastos no digital” — ou seja, a fazer mais com menos — e que certas partes do mundo “estão a ser mais cautelosas” devido aos cenários de recessão.

“Primeiro, vamos alinhar a nossa estrutura de custos com as nossas receitas e com aquilo que estamos a ver de procura dos clientes”, justifica o executivo. Parte dos 10 mil despedimentos vão ser comunicados aos trabalhadores ainda esta quarta-feira, refere Nadella. Os custos com compensações vão ascender a 1,2 mil milhões de dólares.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O facto de haver despedimentos não é sinónimo de um congelamento das contratações, explica o executivo. “É importante para nós  sublinhar que, ao mesmo tempo em que estamos a eliminar postos de trabalho em algumas áreas, vamos continuar a contratar para áreas estratégicas.”

“Estamos a alocar tanto o nosso capital como talento para áreas de crescimento secular e concorrência a longo prazo para a empresa, ao mesmo tempo em que estamos a retirar investimento de outras áreas.” O executivo admite que é uma decisão difícil numa empresa com 47 anos de história, mas que é necessário fazer “escolhas difíceis” para continuar como uma empresa relevante na indústria.

Não é a primeira vez em que há notícias de eventuais despedimentos na Microsoft: em julho e outubro do ano passado já foram noticiados cortes no total de trabalhadores. Em ambas as ocasiões, a Microsoft recorreu à justificação de “ajustes estruturais” e de uma avaliação de “prioridades de negócio”.

Microsoft vai voltar a reduzir número de trabalhadores este ano

O Observador questionou fonte da Microsoft em Portugal sobre as notícias de novos despedimentos e se poderão afetar os trabalhadores da subsidiária no país. Esta fonte não deu informação específica sobre Portugal, remetendo esclarecimentos para a publicação de Satya Nadella. A tecnológica está em Portugal desde 1990.

Desde que a vaga de despedimentos nas grandes tecnológicas arrancou, no ano passado, já saíram de empresas como a Meta, Twitter ou Amazon milhares de pessoas. No Twitter, o plano inicial passou pelo despedimento de 3.500 pessoas, o equivalente a metade do total de trabalhadores quando Elon Musk assumiu a rede social. A Meta despediu 11 mil pessoas, naquela que foi a primeira vez em que a empresa de Mark Zuckerberg anunciou cortes do género.

Mais tarde foi a vez de a Amazon revelar despedimentos. Primeiro admitia-se o despedimento de 10 mil pessoas, mas já este ano o CEO Andy Jassy reviu os números em alta: o plano passa agora pelo despedimento de mais de 18 mil pessoas.

Amazon vai despedir mais de 18 mil pessoas, acima do que anunciou em novembro

Também este ano, a Salesforce anunciou que vai despedir quase 8 mil pessoas, o equivalente a 10% do total de trabalhadores, admitindo que contratou demasiado durante a pandemia. A empresa tem um plano para redução de custos, que também passa pelo decréscimo do número de escritórios.

Salesforce vai despedir quase 8 mil trabalhadores e quer reduzir custos com escritórios

(Atualizada às 15h04 com confirmação da Microsoft)