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Economia circular: nada se perde, tudo se regenera

Este artigo tem mais de 1 ano

Eliminar o desperdício e fazer um uso consciente dos recursos naturais é o objetivo da economia circular. Em Portugal, há cada vez mais projetos inovadores nesta área, mas muito está ainda por fazer

Fala-se cada vez mais de economia circular – ou economia regenerativa, como também é designada – e ainda bem que assim é. Afinal, é nesta circularidade que reside grande parte da nossa esperança, enquanto sociedade, num futuro que se quer mais verde e sustentável.

Mas desengane-se quem pensa que o conceito de economia circular se esgota de cada vez que leva as embalagens ao ecoponto. Em causa está algo muito mais vasto e transformador, que implica novos modelos de negócio e alterações profundas nas cadeias de abastecimento de todo o mundo. O impacto pode ser de tal ordem que a União Europeia (UE) estima que a aplicação dos princípios da economia circular pode gerar um aumento adicional de 0,5 % do PIB da UE até 2030, criando cerca de 700 mil novos postos de trabalho.

O que é exatamente a economia circular? Simplificando, é um modelo de economia que se opõe ao de economia linear, que é o que tem vigorado praticamente desde a Revolução Industrial, em que os recursos naturais do planeta são extraídos e usados para a fabricação de produtos, os quais, quando chegam ao fim de vida, tendem a ser descartados como resíduos e ponto final. A consequência deste modelo com que temos convivido é o desastre que está à vista de todos e que passa pela perturbação e destruição dos ecossistemas de que dependemos para sobreviver.

Já na economia circular, procura-se que a atividade económica não esteja associada e dependente da extração dos recursos finitos. Tal é feito através de um sistema resiliente desenhado para ser favorável não só aos negócios, mas também às pessoas e ao meio ambiente.

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Os três princípios da circularidade

A economia circular assenta em três princípios fundamentais, sendo que o primeiro diz que é preciso eliminar o desperdício e reduzir a poluição. Atualmente, vivemos no já referido paradigma de take-make-waste (extrair-produzir-descartar), ou seja, os recursos são extraídos, com eles fazem-se produtos, os quais tendem a acabar em aterros sanitários ou incinerados, tratados como desperdício. Com a proposta da economia circular, a conceção dos produtos deve, desde a sua raiz, ter como objetivo que estes não sejam descartáveis e incorporem, eles próprios, matérias recicladas na sua elaboração. Assim, o design dos produtos assume um papel fundamental e quando um produto não se integra na lógica da circularidade tal pode ser visto como uma falha de projeto.

O segundo princípio da economia circular resulta do primeiro e determina que os produtos e as matérias devem circular o mais possível. Isto significa manter os produtos em uso durante o máximo tempo possível e, quando tal deixar de ser viável, que possam ser usados como componentes ou matérias-primas.

Regenerar a natureza é o terceiro princípio da economia circular, pois quando o foco deixa de ser a extração e exploração de recursos finitos, degradando continuamente os ecossistemas, a natureza tem espaço para prosperar, a biodiversidade é assegurada e a produtividade dos terrenos agrícolas protegida.

O mundo está cada vez menos circular

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De acordo com o “Circularity Gap Report” de 2023 – relatório anual que mede o estado da circularidade no mundo –, a economia global é atualmente apenas 7,2% circular. De salientar que, em 2018, o primeiro ano em que este relatório foi produzido, a circularidade era de 9,1%, tendo baixado para 8,6% em 2020, e agora voltou a registar nova descida.

No documento ficamos ainda a saber que, só nos últimos seis anos, a economia global extraiu e usou mais recursos do que em todo o século XX, ultrapassando os limites considerados seguros para a sustentabilidade ambiental. Todavia, os autores defendem que, através de uma economia circular, apenas 70% dos materiais que usamos hoje seriam suficientes para responder às necessidades das populações.

Circularidade em Portugal

Segundo os dados mais recentes do Eurostat sobre a taxa de circularidade na Europa, Portugal é um dos países onde este valor é mais baixo na UE. Em 2021, o país ficou em 24.º lugar entre os 27 Estados-membros no que diz respeito à utilização de materiais recicláveis, com uma taxa de 2,3% em 2021 (em 2020, este valor tinha sido de 2,5%). Abaixo de Portugal encontramos apenas a Irlanda e a Finlândia (ambos com 2%) e a Roménia (1%). É nos Países Baixos que a circularidade é mais elevada (34%), sendo que no total da UE este valor é de 11,7%, ou seja, quase 12% dos recursos materiais utilizados na UE provêm de resíduos reciclados.

O caminho que Portugal tem vindo a trilhar na transição de uma economia linear para uma economia circular vai acompanhando as diretrizes da UE. Assim, em dezembro de 2015, a Comissão Europeia (CE) adotou o primeiro “Plano de Ação para a Economia Circular” e, dois anos depois, Portugal apresentou a sua estratégia sobre o tema, através do plano “Liderar a Transição – Plano de Ação para a Economia Circular em Portugal”, aplicado entre 2017 e 2020.

Em março de 2020, a CE lançou o “Novo Plano de Ação para a Economia Circular”, que constitui um dos pilares mais importantes do Pacto Ecológico Europeu, o qual tem como objetivo último alcançar a neutralidade climática na UE em 2050. Em Portugal, aguarda-se agora a atualização do PAEC, que fornecerá as orientações nacionais para os próximos anos no que diz respeito à circularidade.

Quando a imaginação é circular

Embora a taxa de circularidade em Portugal ainda esteja longe do pretendido, a verdade é que há já muitos projetos desenvolvidos entre nós com base nessa filosofia. Na área têxtil, por exemplo, considerada uma das mais poluentes do mundo, são inúmeras as iniciativas de sucesso. É o caso da reCloset, uma plataforma online de moda em segunda mão, que pretende contribuir para despertar consciências para o impacto da moda no planeta, permitindo que ali se vendam peças que já estão a mais no armário e, ao mesmo tempo, sensibilizando para a compra de artigos em segunda mão e para se cuidar mais e melhor das peças que cada um já possui.

Outra marca portuguesa voltada para a economia circular é a Branco Chá, criada com o desejo de manter tradições e usando apenas excedente têxtil. Artesãs e costureiras locais constroem lindos sacos com recurso à tapeçaria tradicional, mas também os versáteis taleigos, guardanapos e individuais. Tudo sustentável e muito prático de usar no dia a dia.

Concebida desde o início com a circularidade em vista, a Nãm transforma borras de café em saborosos cogumelos biológicos em Lisboa, naquela que é a primeira quinta urbana de economia circular em Portugal. E porque o processo deve voltar ao início, o desperdício da produção de cogumelos resulta num fertilizante orgânico e nutritivo para cultivo de frutas e legumes. A marca tem ainda disponíveis kits para quem pretende cultivar os seus próprios cogumelos em casa.

Numa área em que mundialmente se reconhece que há ainda um longo caminho a trilhar no que à economia circular diz respeito, a Novonovo quer marcar a diferença e constitui-se como uma plataforma digital para disponibilizar materiais que conservem as qualidades necessárias à reutilização em novos contextos, nomeadamente, excedentes de produção, sobras de materiais inutilizados, stock não vendido, etc. Além disso, disponibilizam também serviços de consultoria, desenvolvimento de novos produtos de upcycling e investigação.

Outra área onde os conceitos de circularidade são igualmente ainda pouco aplicados, mas muito necessários, é a dos metais preciosos, já que, por exemplo, a mineração é considerada uma das atividades mais poluente do mundo. Consciente disso mesmo, a portuguesa Wonther pretende incentivar a reciclagem, acolhendo peças de ourivesaria antigas com o objetivo de lhes dar uma nova vida.

Credibom apoia a sustentabilidade

Um outro projeto que vale a pena conhecer é a Garbags, empresa dedicada ao upcycling que, desde 2011, produz uma grande diversidade de acessórios (malas, mochilas, bolsas para óculos, lancheiras, estojos, necessaires e muito mais) com recurso a embalagens que, de outra forma, iriam tornar-se desperdício. Um dos parceiros da Garbags é o Banco Credibom que, preocupado com a sustentabilidade em todas as suas operações, em 2021 estabeleceu a parceria com o intuito oferecer aos seus colaboradores mangas ecológicas para as garrafas de vidro e sensibilizar para as questões ambientais.

Por vezes, as ideias de negócios sustentáveis até surgem, mas o mais difícil é concretizá-las, desde logo devido à necessidade de investimento inicial para o seu desenvolvimento. É precisamente para que ideias boas não fiquem na gaveta e ajudem a proteger o planeta que o Banco Credibom disponibiliza um crédito pessoal capaz de ajudar a concretizar sonhos. O Crédito Pessoal Credibom (TAN desde 3,99% e TAEG desde 6,26%) é ideal para financiamentos até 75 mil euros, com prazos de 24 a 84 meses, permitindo flexibilidade na escolha da data do débito da prestação. Se tem uma ideia sustentável, já sabe o que tem a fazer: concretize-a e ajude o mundo a circular.

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