Necla Camuz e Yagiz, um bebé que tinha dez dias no momento dos sismos, protagonizaram uma das histórias mais emotivas de resgates. À hora em que a terra tremeu na Turquia, na madrugada de segunda-feira, dia 6 de fevereiro, Necla Camuz estava a amamentar o seu bebé recém-nascido quando o prédio onde viviam, em Samandag, colapsou.
“Quando o sismo começou tentei ir ter com o meu marido, que estava noutra sala”, recorda em declarações à BBC, enquanto conta que no momento em que o marido tentou aproximar-se caiu um guarda-roupa que não permitiu que ficassem no mesmo local. A vibração que se seguiu foi fazendo a casa tremer ainda mais, as paredes começaram a cair e o prédio “mudou de posição”.
Necla Camuz recorda-se de ter chamado o nome dos familiares, nomeadamente o marido e o filho mais velho, mas já ninguém respondeu. E o bebé manteve-se sempre nos seus braços. Foi naquela posição que a mulher ficou durante quatro dias. Conseguiu sempre amamentar Yagiz e tentou beber o próprio leite, mas sem sucesso.
Nas primeira horas tentou insistentemente pedir socorro, mas desistiu e decidiu manter energia para o momento em que sentisse a ajuda mais perto. Já tinha perdido totalmente a noção do tempo quando voltou a ouviu passos e vozes a aproximar-se do local onde estava presa. Primeiro ouviu cães a ladrar, foi fazendo sons com o que tinha à mão, especialmente ao bater com pedras no armário, e conseguiu chamar a atenção dos socorristas. A voz do exterior trouxe a esperança que aguardava: “Está bem? Bata uma vez para sim.”
Mãe e bebé foram resgatados com sucesso e transportados para o hospital para serem avaliados. Mais tarde, encontraram-se com o marido e o filho mais velho, que também tinham sido resgatados dos escombros com sucesso.