Continua a polémica entre China e Estados Unidos em torno do “balão de espionagem” chinês abatido no espaço aéreo norte-americano no início do mês. Agora, Pequim acusa Washington de também fazer uso desta tecnologia, alegando que, só desde o início do ano, identificou dez balões no seu próprio espaço aéreo.
Citado pelo New York Times, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Wang Wenbin, disse que é comum balões de alta altitude norte-americanos “entrarem ilegalmente no espaço aéreo de outros países”, ao mesmo tempo que reiterou a posição oficial do regime chinês de que o balão abatido nos Estados Unidos era civil e se tinha desviado acidentalmente da rota.
Wang instou os Estados Unidos a “fazer uma autorreflexão e a corrigir a sua conduta, em vez de difamar, caluniar ou incentivar confrontos”.
As declarações de Pequim já foram rejeitadas por Washington. Adrienne Watson, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança, assegurou que “qualquer alegação de que o governo dos EUA opera balões de vigilância no espaço aéreo da China é falsa”, e que a acusação não passava do “mais recente exemplo da China tentar desesperadamente fazer controlo de danos”.
A troca de acusações surge após um fim de semana em que os Estados Unidos abateram mais três objetos voadores não-identificados (OVNIs), descritos pelos responsáveis norte-americanos como diferentes do balão chinês abatido a 4 de fevereiro.
A própria China revelou no domingo também ter encontrado um destes objetos voadores misteriosos, anunciando que o iria abater (sendo que até agora não ofereceu mais atualizações). Questionado sobre esses objetos não identificados em território americano, Wang Wenbin disse não ter conhecimento da situação.
A questão dos “balões de espionagem” foi para lá das fronteiras dos EUA. Dias depois de os militares norte-americanos terem abatido o objeto, a China confirmou que um segundo balão – também de natureza civil e que também se desviou da rota original – sobrevoou a América do Sul e as Caraíbas.
A Força Aérea da Colômbia confirmou ter detetado um destes objetos, mas não o abateu por não considerar que representava uma ameaça de segurança, optando por segui-lo na sua rota até este abandonar o espaço aéreo colombiano. Os Estados Unidos afirmaram que também este se tratava de um “balão de espionagem” e acusa Pequim de ter enviado objetos voadores “para os cinco continentes”.