Os Estados Unidos recuperaram “destroços significativos” do alegado “balão de espionagem” chinês abatido no início deste mês. O objeto desencadeou uma crise diplomática entre os dois países, com Washington a acusar Pequim de vigiar o território norte-americano com recurso a este tipo de tecnologia, acusação negada várias vezes pela China.
Em comunicado citado pelo The Guardian, o Comando do Norte dos EUA referiu que “as equipas conseguiram recuperar destroços significativos do local, incluindo todos os sensores de prioridade e peças eletrónicas identificadas, bem como largas secções da estrutura”.
Com cerca de 60 metros de altura e uma base do tamanho de três autocarros, o balão, abatido na costa da Carolina do Sul a 4 de fevereiro, foi o primeiro numa série de misteriosos objetos voadores que têm sido avistados no espaço aéreo do continente norte-americano nos últimos dias, e que até agora permanecem por identificar, com as próprias autoridades norte-americanas a declarar que são bastante diferentes do balão chinês.
“Quero ser claro, os três objectos abatidos durante este último fim-de-semana são muito diferentes daquilo de que estávamos a falar a semana passada”, referiu na segunda-feira o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin.
Quanto ao objeto agora recolhido, os Estados Unidos dizem estar no processo de o estudar. “Detetámo-lo e seguimo-lo, estamos a estudá-lo cuidadosamente para aprender o máximo que conseguirmos”, referiu John Kirby, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos EUA. “Sabemos que estes balões de vigilância da China têm passado por dezenas de países em vários continentes ao redor do mundo, incluindo alguns dos nossos aliados e parceiros mais próximos”.
Na manhã desta terça-feira, teve lugar um briefing no Capitólio para todos os senadores do Congresso norte-americano. John Bolton, antigo conselheiro de segurança de Donald Trump, também será informado pela Casa Branca acerca das informações recolhidas até ao momento.
Paralelamente, no Japão, as autoridades locais concluíram uma investigação sobre o objeto que sobrevoou o seu espaço aéreo em janeiro de 2022, chegando à conclusão de que também se trataria de um balão de espionagem de Pequim.
A China tem mantido desde o início do incidente que o aparelho era somente um balão meteorológico de natureza civil. Recentemente, acusou ainda Washington de usar regularmente balões de vigilância, instando os EUA a “fazer uma autorreflexão e a corrigir a sua conduta, em vez de difamar, caluniar ou incentivar confrontos”.
China acusa Estados Unidos de também usar “balões de espionagem”. Washington desmente