Uma das derrotas mais humilhantes da carreira de José Mourinho ajudou o treinador a vencer o Hellas Verona por 1-0 na jornada 23 da Seria A. Como? Em outubro de 2021, em jogo da fase de grupos da Liga Conferência, a AS Roma treinada pelo português foi à Noruega perder diante do modesto Bodo/Glimt por 6-1. Do que se conhece do feitio de Mourinho, é fácil perceber que o mau resultado lhe caiu como o gelo que prolifera naquela região do globo. No encontro europeu, Ola Solbakken marcou por duas vezes. Mais tarde, na visita ao Olímpico de Roma, o jovem extremo voltou a marcar e o Bodo/Glimt arrancou um empate a dois em Itália.

A AS Roma até veio a vencer a competição, mas daqueles dois jogos só houve uma coisa que Mourinho quis guardar: o nome de Ola Solbakken. Mais tarde, nos quartos de final da Liga Conferência, as duas equipas voltaram a encontrar-se. Solbakken não jogou na primeira mão, mas regressou à capital italiana na segunda partida. Eram já demasiadas demonstrações de qualidade para o treinador português ficar indiferente. Em novembro de 2022, o nórdico era oficializado como reforço dos giallorossi, chegando a Itália para remendar o que ele própria tinha deixado despedaçado. Contra a AS Roma, os adeptos perdoaram-lhe tudo o que já os tinha feito sofrer.

Sem contar com Paulo Dybala para a receção ao antepenúltimo classificado da Liga Italiana devido a problemas musculares, José Mourinho apresentou algumas novidades no onze inicial. Desde logo, a estreia do jovem extremo norueguês Ola Solbakken a titular. Por outro lado, após resolver problemas com Mourinho, o lateral-direito Karsdorp voltou a jogar, algo que não acontecia desde novembro, antes da pausa para o Mundial. Quanto às expectativas de Mourinho em relação aos dois jogadores, o técnico, momentos antes da bola rolar no Estádio Olímpico de Roma foi perentório. “Não espero nada de ninguém em particular. Espero a AS Roma de sempre”.

A AS Roma entrava em campo sabendo que, em caso de vitória, subia aos lugares de Liga dos Campeões, o principal objetivo da equipa, uma vez que o título na Serie A é já uma missão muito difícil de se concretizar. Para isso, muito contribuiu a derrota da Atalanta frente ao Lecce por 2-1. Assim, a responsabilidade era acrescida. Bryan Cristante mostrou que sabia o que era preciso fazer para vencer. “Temos que dar 100%, sem ‘ses’ nem ‘mas’. Temos que dar tudo. Precisamos de vencer para lutarmos pela Liga dos Campeões”.

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O treinador do Hellas Verona, Marco Zafroni, nem com a ausência de Dybala, melhor marcador da AS Roma esta temporada, ficou mais tranquilo. “Até os suplentes são de alto nível. A AS Roma é uma equipa muito sólida, forte fisicamente e que joga bem em casa. Sabemos a força deles, mas queremos tentar”. A referência de Zafroni ao rendimento da AS Roma no Olímpico tem particular relevo, pois a equipa de José Mourinho tinha vencido os últimos três jogos em casa sem sofrer qualquer golo.

Apesar de tudo, os giallorossi tiveram uma derrota no playoff da Liga Europa frente ao Red Bull Salzburgo, na Áustria, em que sofreram o golo decisivo aos 88 minutos. Derrota quase tão dura quanto o toque com o pé que Tammy Abraham levou do próprio colega de equipa, Mancini, e que obrigou o inglês a deixar o terreno de jogo aos 15 minutos para ser substituído por Belotti devido às queixas com que ficou junto do olho esquerdo. O caricato é que Abraham estava dado como inapto para o encontro devido a sintomas de gripe.

No entanto, o maior golpe foi dado pelo estreante e foi a favor da AS Roma. A fechar a primeira parte, Ola Solbakken apareceu na zona do ponta de lança e recebeu o passe de calcanhar de Spinazzola, fazendo o único golo de um jogo com poucas oportunidades claras.

A AS Roma estava longe de ter garantida a vitória contra um adversário em zona de despromoção, mas que não perdia há quatro jogos. O Hellas Verona teve algumas aproximações perigosas, mas sem conseguir marcar. Aliás, foram mesmo os romanistas que tiveram condições de alargar a vantagem. Belotti cabeceou forte para uma grande defesa instintiva de Lorenzo Montipò. Assim, a equipa de José Mourinho subiu ao terceiro lugar da Seria A, estando apenas atrás de Nápoles e Inter de Milão.