EUA e Países Baixos foram protagonistas da final do último Campeonato do Mundo que se realizou em França. Agora, ambas serão adversárias de Portugal. É fácil perceber as dificuldades que Portugal vai ter pela frente na estreia em Mundiais. Em julho, na Austrália e na Nova Zelândia (neste caso o país que vai acolher os três primeiros jogos nacionais), a Seleção não vai ter tarefa fácil ainda que seja possível não sair de mãos a abanar já que, no segundo jogo da prova, a equipa nacional vai ter pela frente o Vietname que também se estreia na prova. O Observador apresenta-lhe os adversários que Portugal vai encontrar.
EUA
Precisam apenas de respirar para ganharem títulos. Esta madrugada, podem conquistar mais um: caso consigam um ponto diante do Brasil, as norte-americanas arrecadam a SheBelieves Cup. Depois de Carli Lloyd deixar os relvados após 316 internacionalizações e 134 golos, os EUA mantiveram a cadência vitoriosa. Seja football ou seja soccer, a confusão fica-se apenas pelo nome. Há muito que as suas futebolistas sabem bem o que fazer com a bola nos pés. As norte-americanas estão no primeiro lugar do ranking mundial, posição que ocupam desde 2017. Os EUA venceram quatro dos oito Mundiais realizados. Em todos eles terminaram pelo menos no pódio, sendo que têm apenas uma final perdida de todas as que participaram.
Nesta fase, as campeãs mundiais encontram-se num processo de renovação. No final de 2022, os EUA perderam três jogos consecutivos – o que não acontecia desde 1993, para se ter noção da “crise” – diante de seleções também elas candidatas a vencer o Mundial, neste caso caso, Inglaterra, Espanha e Alemanha. Isto depois de deixarem fugir a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio (derrota com Canadá nas meias).
No entanto, o treinador Vlatko Andonovski, que assumiu a equipa em 2019, continua a contar com Alex Morgan e Megan Rapinoe que figuram entre as dez melhores marcadoras de sempre da seleção com 120 e 63 golos, respetivamente, nomes fortes ao quais junta jovens talentos como Trinity Rodman (20 anos), Mallory Pugh (24 anos, 85 internacionalizações), Naomi Girma (22 anos), Sophia Smith (22 anos) ou Catarina Macario (23 anos). Além disso, continua a existir um núcleo de jogadoras mais experientes que mantêm os EUA na linha da frente para vencerem o Mundial, tais como Sam Mewis, Julie Ertz, Crystal Dunn, Lindsey Horan, Rose Lavelle, Alyssa Naeher, Becky Sauerbrunn ou Emily Sonnett. Há ainda algumas dúvidas como Tierna Davidson, Kelly O’Hara, Christen Press e Tobin Heath que se encontram a recuperar de lesões e podem não se encontrar em forma para a competição.
A qualificação dos EUA ficou selada com a conquista da Taça CONCACAF, torneio que venceu só com vitórias e onde bateu o Canadá na final “vingando” o desaire em Tóquio. Além das norte-americanas e das canadianas, também a Costa Rica e a Jamaica seguiram para a fase final do Mundial. O Haiti, à semelhança de Portugal teve que garantir o apuramento no playoff. Também o Panamá ainda se pode apurar por esta via.
Portugal tem experiência recente a jogar contra os Estados Unidos. Em 2019, a equipa nacional integrou a Victory Tour, uma digressão que assinalou a conquista do Mundial por parte das norte-americanas e defrontou este adversário por duas vezes perante quase 50.000 espetadores. No primeiro encontro, Portugal foi goleado por 4-0 e no segundo perdeu por 3-0. Dois anos depois, a Seleção Nacional voltou a atravessar o Atlântico e perdeu apenas por 1-0 num jogo em que deixou uma boa réplica.
Países Baixos
Também não passou muito tempo desde que Portugal defrontou os Países Baixos, desta feita, na fase de grupos do Europeu de 2022 num encontro em que a equipa treinada por Francisco Neto esteve perto de conseguir travar a seleção que, à data, era campeã da Europa. A Seleção nacional esteve a perder por 2-0, mas, já na segunda parte, conseguiu empatar o encontro, embora Daniëlle van de Donk tenha depois acabado com a esperança portuguesa de levar pontos do encontro realizado em Inglaterra.
Nesse jogo, os Países Baixos não puderam contar com a sua grande referência, Viviane Miedema, por ter testado positivo à Covid-19. Desta vez, as neerlandesas voltam a não contar com a atacante, que é tão só a melhor marcadora de sempre da equipa, por ter rompido o ligamento cruzado anterior do joelho. Foi a própria que anunciou que não vai participar no Campeonato do Mundo da Austrália e da Nova Zelândia.
????????????
Gutted to share I’ve ruptured my ACL.
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PS. I can’t wait to boss around @bmeado9 this time, at least we’ve still got two decent ACL’s between us ???????? pic.twitter.com/E52GAQP1GI
— Vivianne Miedema (@VivianneMiedema) December 19, 2022
Apesar de a jogadora do Arsenal não estar disponível, não faltam nomes de relevo para que o selecionador Andries Jonker possa conseguir um bom resultado na primeira grande prova à frente das neerlandesas. Para a posição de Miedema, o treinador tem à disposição Jill Roord, também ela uma goleadora. Para os corredores do ataque, Lieke Martens, do PSG após passagem pelo Barcelona, que foi considerada a melhor jogadora do mundo em 2017, o mesmo ano em que venceu o prémio de melhor jogadora do Europeu, é a figura de destaque. Do mesmo modo, Daniëlle van de Donk, centro-campista, acrescenta, tal como Martens, técnica à seleção neerlandesa, conferindo qualidade ao nível do jogo apoiado.
Sherida Spitse destaca-se ao nível da liderança. Com mais de 200 internacionalizações, a médio continua a ter relevância dentro da equipa. Em contraste, a dona da baliza é Daphne van Domselaar, jovem guarda-redes de 22 anos que foi lançada às feras no Euro-2022 quando a titular Sari van Veenendaal se lesionou no primeiro encontro da competição. A partir daí, a guardiã do Twente não mais largou a titularidade.
Os Países Baixos venceram o grupo C da qualificação europeia com um registo de 31 golos marcados e apenas três sofridos. Pelo caminho aplicaram um contundente 12-0 ao Chipre. Após terem disputado a final do último Mundial contra os EUA (perderam por 2-0) chegam com legítimas aspirações vencerem o troféu.
Vietname
Tal como Portugal, o Vietname também faz a estreia num Mundial. É diante do 34.º adversário do ranking que a Seleção tem mais hipóteses de conseguir pontuar no torneio. Na qualificação, a equipa vitenamita terminou no quinto lugar da Taça Asiática, o último a dar acesso ao Campeonato do Mundo. Nessa prova, Huynh Nhu, jogadora que atua em Portugal, marcou por duas vezes. Esta época, ao serviço do Länk Vilaverdense, a atacante leva seis golos ao serviço do sexto classificado da Liga Portuguesa.
O golo decisivo que carimbou o apuramento do país asiático para a fase final foi apontado por Nguyen Thi Bich Thuy. “Ainda sinto que foi um sonho. Tenho muita sorte de ter marcado o golo decisivo. Nunca pensámos que isto pudesse acontecer, mas agora estamos no Mundial. É difícil descrever. Há muito tempo que temos o desejo de ir ao Campeonato do Mundo e trabalhámos durante anos para isso acontecer. É uma honra não só para mim, mas para todos os vietnamitas”, contou a jogadora à FIFA. O Vietname é treinado pelo experiente Mai Duc Chung, de 73 anos.