O presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, garantiu esta segunda-feira, 13 de março, que “não há exposição direta” do sistema bancário europeu à falência do Silicon Valley Bank (SVB), mas acrescentou que o colapso do banco californiano é “um lembrete” para a necessidade de garantir a resiliência dos bancos.

“Discutimos o colapso do Silicon Valley Bank nos Estados Unidos, uma situação que continuamos a monitorizar cuidadosamente. Os problemas resultaram do modelo de negócios específico do SVB, e a situação aqui na Europa é muito diferente”, declarou, no final de uma reunião do Eurogrupo em Bruxelas, o presidente do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro.

Donohoe argumentou que os bancos europeus “estão, de um modo geral, em boa forma”, foram fortalecidos “enormemente nos anos mais recentes”, com o conjunto de reformas levadas a cabo a nível europeu na sequência da crise financeira de 2008, “e estão sob a supervisão próxima das autoridades nacionais e europeias”, acrescentando que “o quadro legal está a ser aplicado a todos os bancos da UE”.

“Não há, por isso, exposição direta ao Silicon Valley Bank. Mas este é um lembrete para nós de que podem surgir a qualquer momento choques no sistema bancário, e do quão importante é assegurar a resiliência do nosso sistema bancário, assim como, claro, prosseguir os nossos esforços para fortalecer a União Bancária”, afirmou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

À entrada para o encontro, também o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, sublinhara não haver “qualquer contágio direto” para o sistema bancário europeu, na sequência da falência do SVB.

“Não há qualquer contágio direto e a possibilidade de um impacto indireto é algo que nós devemos vigiar, mas, até agora, não há qualquer risco significativo”, referiu o comissário.

Por seu lado, o ministro das Finanças, Fernando Medina, também comentou, à entrada para a reunião, que o sistema bancário europeu não é comparável aos dos Estados Unidos, sendo “mais robusto” e com “regras mais apertadas”.

“O sistema bancário europeu está sujeito à supervisão do Banco Central Europeu (BCE), tem regras mais rígidas [do que as dos EUA], está muito mais robusto, a supervisão e a regulação tiveram uma mudança grande nestes anos pós crise financeira [de 2013]”, disse Medina, que também elogiou a rápida reação das autoridades norte-americanas.

Medina: Situação dos bancos nos EUA “não é comparável com a realidade que existe no quadro europeu”. Regras na zona euro são mais rígidas

O Silicon Valley Bank anunciou falência na sexta-feira e o Signature Bank também fechou depois, mas, entretanto, a Reserva Federal dos EUA anunciou que disponibilizará “financiamento adicional” aos bancos norte-americanos para ajudar a garantir que as instituições tenham capacidade para satisfazer as necessidades “de todos os seus depositantes”.

Esta segunda-feira, o HSBC, o maior banco europeu, comprou a filial do SVB no Reino Unido depois do seu colapso na semana passada, através de um resgate privado facilitado pelo Governo britânico e pelo Banco de Inglaterra, anunciou o executivo britânico.

Silicon Valley Bank. Como se desenhou o maior colapso de um banco desde a crise financeira de 2008