É mais um passo na pesquisa para perceber a origem do novo coronavírus que causou a pandemia — e mais um sinal que aponta para a hipótese de tudo ter começado pela infeção de animais, mais precisamente dos cães-guaxinim, frequentemente criados na China para serem vendidos.

O longo caminho para saber mais sobre as origens da pandemia de Covid-19 tem sido longo e tortuoso, com a comunidade científica dividida, sobretudo, entre duas teorias: a origem do SARS-CoV-2 (o vírus que provoca a Covid-19) pode ter sido animal ou resultado de uma fuga num laboratório.

Agora, a revista The Atlantic revela que cientistas dos Estados Unidos, Europa e Austrália tiveram uma estranha oportunidade de aceder a material genético recolhido no mercado ligado ao início da pandemia, o mercado de marisco de Huanan, em Wuhan, na China. As sequências genéticas retiradas de cotonetes em bancas daquele mercado, no início da pandemia, foram publicadas “discretamente”, conta a revista, por investigadores associados ao Centro de Prevenção e Controlo de Doenças chineses, numa base de dados de acesso livre chamada GISAID — e depois foram rapidamente retiradas.

Ora o que os investigadores (de entre os quais se destacam Kristian Andersen, Edward Holmes e Michael Worobey, já com trabalho feito nesta área) descobriram num dia e meio de pesquisa é que em muitas das amostras positivas para Covid-19, que já tinham sido estudadas pelos investigadores chineses — que excluíam a hipótese de origem animal — também se encontrava uma quantidade assinalável de material genético animal, compatível com o dos cães-guaxinim (um tipo de canídeo também conhecido como tunaki).

As descobertas foram apresentadas esta quinta-feira numa reunião de um órgão que pertence à Organização Mundial de Saúde e serve para investigar novos agentes patógenos, relatava a Atlantic. Mas isto não significa que haja conclusões definitivas: como investigadores da área, incluindo os que lideraram esta investigação, apontam estas pistas servem para reforçar a tese da origem animal, mas não para fechar o debate, até porque mesmo que a teoria de fundo se confirme não é certo que tenham sido os cães-guaxinim os animais responsáveis por transmitir o vírus aos humanos.

No verão passado, dois estudos publicados na revista científica Science também apontavam para a origem no mercado de marisco, a partir de animais comercializados ainda vivos; e excluíam a tese de origem artificial ou laboratorial.

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