A exibição de “Winnie the Pooh: Blood and Honey” nas salas de cinema de Hong Kong, que tinha estreia marcada para esta quinta-feira, foi cancelada pela distribuidora. A VII Pillars Entertainment anunciou no Facebook ser com “grande tristeza” que a estreia a 23 de março tinha cancelada, sem apresentar explicações.
O realizador, Rhys Frake-Waterfield, disse à agência de notícia Reuters que “algo misterioso” aconteceu. “Os cinemas concordaram em exibi-lo e depois todos independentemente tomaram a mesma decisão da noite para o dia. Não pode ser coincidência.”
Esta não é a primeira vez que um filme sobre o famoso urso é proibida na China. Em 2018, o governo chinês proibiu a exibição de “Christopher Robin”, uma adaptação de Winnie the Pooh ao cinema, sem dar explicações, mas acredita-se que esteja relacionado com o facto de este ser ter tornado um símbolo de resistência contra o presidente Xi Jinping.
As primeiras notícias sobre Winnie the Pooh ter sido banido na China remontam a 2017, quando as referências ao desenho animado começaram a ser bloqueadas das redes sociais chinesas, incluindo da plataforma WeChat.
As comparações começaram em 2013, com uma montagem que juntava duas imagens: uma em que Pooh está ao lado do seu amigo Tigger, e outra em que Xi Jinping passeia ao lado de Barack Obama, na altura presidente dos Estados Unidos da América, numa visita oficial do presidente chinês.
#winniethepooh blacklisted by China’s online censors https://t.co/HVKb4F1tkj pic.twitter.com/szc5rIaoY2
— Daniel Monteiro (@danielsmonteiro) July 17, 2017
Seguiu-se, um ano mais tarde, um novo meme viral. Desta vez, começou a circular uma fotografia do presidente da China a apertar a mão a Shinzo Abe, o primeiro-ministro do Japão. Esta fotografia foi comparada a um imagem de Pooh a segurar o casco do seu amigo burro, Eeyore.
Trending on Weibo: Abe as Eeyore and Xi as a smug Pooh #APEC pic.twitter.com/lx53FzkVzu
— Deirdre Bosa (@dee_bosa) November 10, 2014
A personagem tem vindo a ser usada como forma de protesto contra o regime chinês e a sua imagem usada para ridicularizar Xi Jinping em manifestações pela libertação de Hong Kong, como na imagem abaixo, tirada num protesto em Banguecoque, na Tailândia, em 2022.