O sistema financeiro enfrenta “riscos muito elevados”, no rescaldo do colapso do norte-americano Silicon Valley Bank e do Credit Suisse, afirmou uma figura-chave da regulação do setor, Jose Manuel Campa, diretor-geral da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla anglo-saxónica mais utilizada).

Os riscos no sistema financeiro continuam a ser muito elevados“, avisou, apesar das medidas que foram tomadas para conter as consequências da queda desses dois bancos (que acabaram vendidos a rivais em transações patrocinadas pelos poderes públicos). A declaração foi feita por Jose Manuel Campa, que lidera o principal regulador da banca na Europa, numa entrevista ao alemão Handelsblatt.

Segundo a agência Reuters, na entrevista ao diário financeiro alemão, Campa disse que a subida das taxas de juro por parte dos bancos centrais está a pesar nos mercados financeiros e acrescentou que o regulador europeu está a monitorizar de perto as “perdas não-realizadas” que estão a acumular-se nos balanços dos bancos.

Essa é uma referência às perdas potenciais que estão no balanço de praticamente todos os bancos do mundo – os títulos de dívida do respetivo país (e de outros), investimentos considerados de baixo risco mas que têm vindo a perder valor. Os maiores bancos portugueses têm 45 mil milhões de euros em obrigações soberanas e, segundo uma nota da agência de rating DBRS citada pelo Observador, são dos mais vulneráveis da Europa a essa desvalorização. O impacto potencial “parece ser gerível” mas esta é uma fase em que os investidores “estão atentos a todo o tipo de vulnerabilidades”, avisa a agência de rating.

Banca investiu na segurança da dívida pública. Agora isso pode virar-se contra si – e o risco é maior em Portugal

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