A crise climática tem efeitos desestabilizadores no lémure-rato-cinzento, um mamífero de vida curta do oeste de Madagáscar, que acelerou o seu ciclo de vida ao aumentar a reprodução e reduzir a expectativa de vida.

Um estudo publicado esta segunda-feira na revista cientifica Pnas lembra que as alterações climáticas alteram os padrões de temperatura e precipitação, especialmente em ambientes tropicais, e condicionam a persistência de populações de animais selvagens.

A equipa de investigação, que contou com a colaboração da Estação Biológica de Doñana (Espanha), recolheu dados sobre a demografia do lémure-rato-cinzento (Microcebus murinus) no oeste de Madagáscar, entre 1994 e 2020.

As tendências climáticas no ambiente dos lémures indicaram uma diminuição nas chuvas na estação chuvosa durante o período de estudo e um aumento nas temperaturas na estação seca.

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Essa situação levou à diminuição das taxas de sobrevivência do lémure, bem como ao aumento das taxas reprodutivas, observa a publicação.

As tendências demográficas contrastantes impediram o colapso da população, mas desestabilizaram-se, acelerando ainda mais o seu ciclo de vida através do aumento da reprodução e da redução da expectativa de vida.

As projeções populacionais para as próximas cinco décadas sugerem que, se as condições de temperatura e precipitação observadas recentemente persistirem, o tamanho da população de lémures pode continuar a variar, ameaçando a população.

Embora se espere que os mamíferos de vida curta com altas taxas reprodutivas se adaptem às alterações ambientais, os autores do estudo acreditam que estas espécies podem enfrentar o risco de extinção devido à emergência climática.