O panorama começa a mudar um pouco. Esta semana o Banco de Portugal revelou as estatísticas referentes às taxas de juro em depósitos e créditos, bem como os montantes aplicados ou concedidos.

Nos depósitos, começa-se já a ver remunerações, ainda assim abaixo de 1%, mas há menos dinheiro colocado nestes produtos. Segundo revelou no início da semana o Banco de Portugal, os depósitos de particulares nos bancos portugueses reduziram-se em 2,1 mil milhões de euros, fixando-se em 177,8 mil milhões de euros no final de fevereiro. Houve, no entanto, um montante de novos depósitos a prazo de 5,9 mil milhões. Em contraponto, a subscrição de certificados de aforro aumentou 2,6 mil milhões de euros.

Nesse mesmo mês, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo a particulares aumentou para 0,65%, o que compara com os 0,56% de janeiro. Ainda assim só os depósitos novos com prazo de 1 a 2 anos de particulares estão remunerar em mais de 1%. Os depósitos com maturidades menores (até 1 ano) e maiores (mais de dois anos) ainda estão abaixo de 1%.

De qualquer forma o Banco de Portugal chama a atenção para o facto de os depósitos com prazo acima de dois anos terem aumentado a remuneração em 39 pontos base para 0,54%, “o valor mais alto em seis anos”. É por isso que nos novos depósitos está a crescer a percentagem colocada nestes prazos.

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Ainda nos depósitos, as empresas colocaram 3,9 mil milhões de euros em fevereiro, sendo 98% desse montante colocado em produtos com prazos de até um ano. E receberam em média 1,5% por esses depósitos, “a maior subida mensal nos últimos 10 anos”, depois de em janeiro terem recebido 1,05%.

Taxa fixa no crédito à habitação está a chegar perto da variável

Em fevereiro os novos contratos de crédito à habitação desacelerou pelo sétimo mês. A taxa de variação passou de 4,8% em julho de 2022 para 2,5% em fevereiro. E no final do segundo mês do ano o montante de empréstimos hipotecários era de 99,8 mil milhões de euros.

Já os empréstimos ao consumo eram de 20,6 mil milhões de euros nos particulares.

Esta sexta-feira, 31 de março, o Banco de Portugal revelou que a taxa de juro média nos novos créditos à habitação voltou a subir, passando de 3,32% em janeiro para 3,52% em fevereiro. Já as taxas do crédito ao consumo foi de 8,48% em fevereiro (tinha sido de 8,45% em janeiro).

Segundo revela o supervisor, as taxas de juro no crédito à habitação fixas estão a aproximar-se das taxa variáveis. Em fevereiro, a taxa de juro média dos novos empréstimos fixa foi de 4,2%, tendo a variável sido de 3,56%. Segundo o diploma recentemente publicado, os bancos têm de disponibilizar aos consumidores informações com “a simulação das condições do contrato de crédito para as modalidades de taxa de juro variável, fixa e mista” quando se trate de créditos à habitação. 90% dos créditos em Portugal estão associados à evolução das Euribor.

Banco de Portugal detetou poucos créditos pessoais usados para dar entrada na compra de uma casa com crédito à habitação

Também em fevereiro, as amortizações antecipadas nos créditos à habitação continuaram, à semelhança do que já tinha acontecido em janeiro. 0,85% do stock de crédito foi amortizado, valor semelhante ao de janeiro, superior à média mensal de 0,54% em 2022. O Banco de Portugal revela ainda que “as amortizações antecipadas parciais têm vindo a ganhar importância nos últimos meses e já representam 23% do montante de amortizações antecipadas”. Houve a publicação do diploma que impede a cobrança por parte dos bancos de comissões para a amortização dos créditos.

Em 98 bancos fiscalizados pelo Banco de Portugal, 94 cobraram indevidamente a comissão de amortização antecipada