Elon Musk quer ir à China encontrar-se com o primeiro ministro chinês. A notícia foi avançada esta sexta-feira pela agência Reuters, que adiantou que a visita do dono da Tesla e do Twitter pode acontecer já no próximo mês.

A ideia deverá passar por marcar um encontro com o novo primeiro-ministro, Li Qiang, no cargo desde março deste ano. A data exata dependerá da disponibilidade do governante, mas fontes responsáveis pelo planeamento da viagem garantem que estará em breve.

A confirmar-se, seria a primeira viagem do magnata até à China desde o início da pandemia. Os temas em discussão num eventual encontro entre Musk e Li não são, para já, conhecidos, mas o timing da visita indica que poderão estar em cima da mesa temas relacionados com a presença da Tesla no país.

A seguir ao Estados Unidos, a China é o segundo maior mercado da empresa de automóveis elétricos, e é em Xangai que se encontra a sua maior fábrica de produção. Musk e Li Qiang, de resto, já se encontraram em 2019, por ocasião da inauguração desta fábrica; na altura, o agora chefe de Governo de Pequim era secretário do Partido Comunista, precisamente em Xangai.

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Certo é que o contexto atual é menos positivo para os negócios do magnata nascido na África do Sul. Além da competição que a Tesla tem enfrentado no mercado chinês por parte da fabricante interna BYD (financiada pelo norte-americano Warren Buffett), o prometido aumento da produção na fábrica de Xangai tem sofrido sucessivos atrasos, em parte devido aos obstáculos colocados pela pandemia. Por outro lado, os carros elétricos da Tesla foram banidos de edifícios políticos e militares chineses, devido a preocupações de Pequim com os sistemas de videovigilância instalados nos carros da empresa.

Do lado chinês, a receção a Musk iria ao encontro dos esforços recentes do regime para atrair investimento, numa tentativa de alavancar a economia do país, que tarda em recuperar dos efeitos da Covid-19. Ainda esta semana, Li Qiang discursou em eventos empresariais que contaram com a presença de figuras como o CEO da Apple, Tim Cook, e da Pfizer, Albert Bourla. Também nesse sentido, a última semana assistiu à primeira aparição pública do empresário chinês Jack Ma em cerca de dois anos, num aparente sinal de reconciliação entre o dono da empresa chinesa Alibaba e o regime de Xi Jinping.

Empresário Jack Ma reaparece em público na China dois anos depois, num aparente sinal de reaproximação com Pequim

A China é também um dos maiores mercados do Twitter, que Musk comprou no ano passado por 44 mil milhões de dólares (cerca de 40 mil milhões de euros). A atividade da empresa na China tem, segundo fontes, dividido opiniões internamente, havendo quem ache que a rede social deve maximizar as suas oportunidades comerciais em território chinês, enquanto outros se têm mostrado cautelosos quanto aos riscos para o Twitter num clima de animosidade crescente entre Pequim e Washington.