A Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (Asmip) disse nesta segunda-feira duvidar da eficácia de boa parte das medidas do Governo para resolver problema da habitação, que agravaram a falta de confiança de senhorios e investidores.
“Não duvidamos das boas intenções do programa Mais Habitação, para o qual em sede de consulta pública demos o devido e detalhado contributo, mas duvidamos da eficácia de boa parte das medidas“, afirmou a Asmip, em comunicado.
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Para a associação, o Governo tem tentado passar a mensagem de que a iniciativa privada não foi capaz de resolver o problema da habitação, sendo preciso o Estado intervir, o que, para a Asmip, “é uma falácia”.
O problema, prosseguiu, deve-se antes a “alguns fatores económicos” e “à falta de confiança de senhorios e investidores na estabilidade legislativa, que na última década originou pouco investimento na construção e na disponibilização de imóveis para arrendamento”.
“Infelizmente com o anúncio do programa, e as respetivas medidas, a falta de confiança não foi debelada, antes pelo contrário”, apontaram os mediadores imobiliários.
A associação defendeu que a iniciativa privada não deve ser afastada como aliado na resolução do problema, “até porque os 2.700 milhões de euros para a construção das 26.000 habitações públicas, das quais apenas 4.000 estão em execução, são uma gota de água no oceano das necessidades”.
A associação destacou como positivas a criação de um “Simplex Urbanístico”, que permita licenciamentos mais rápidos, bem como o programa Arrendar para Subarrendar, “apesar da dificuldade que deverá encerrar para pôr em prática”, devido à burocracia.
No entanto, não parece à Asmip que seja possível levar por diante a “gigantesca tarefa do arrendamento coercivo”, embora saúde a clarificação da exclusão de moradias, regiões autónomas e 165 concelhos de baixa densidade populacional.
Adicionalmente, a associação manifestou-se contra o fim dos “vistos gold”, que põe fim a uma “boa fonte de entradas de capital no país”.
“Em suma, queremos acreditar na eficácia do programa, mas pela complexidade de algumas medidas, pelas pouco significativas verbas para apoio, pela resistência de algumas autarquias a algumas das medidas, pelo burocracia que encerrarão algumas medidas, mas sobretudo pela urgência de colocar no mercado habitações suficientes para as necessidades, não se nos afigura que estas medidas consigam esse desiderato em tempo útil”, rematou.