O Presidente angolano recordou esta terça-feira o ex-presidente José Eduardo dos Santos como “arquiteto da paz e reconciliação” e estadista que “soube interpretar a vontade do povo” sobre a necessidade do abraço fraterno entre irmãos e reencontro da família angolana.

João Lourenço, que discursava esta terça-feira no final da cerimónia de condecoração de 466 personalidades, civis e militares, no âmbito do 21.º aniversário da paz e reconciliação, referiu que esse período tem proporcionado “estabilidade necessária para a reconstrução do país que estava em escombros”.

Antes de presidir à cerimónia de condecoração, o Presidente angolano rendeu esta terça-feira homenagem a José Eduardo dos Santos, que morreu em 8 de julho de 2022, em Espanha, vítima de doença, tendo depositado uma coroa de flores no seu sarcófago, no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda.

Segundo o chefe de Estado angolano, as conquistas alcançadas em todos os domínios, nos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos, da economia e dos ganhos na área social, só foram possíveis porque o país e os angolanos, no geral, “têm sabido preservar este bem essencial que é a paz e reconciliação nacional”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Esta paz é duradoura porque custou-nos muitas lágrimas, suor e sangue vertidos ao longo de décadas e, por isso, nos comprometemos a tudo fazer para o país nunca mais voltar a viver as agruras de uma guerra ou mesmo de instabilidade política ou social que ponham em causa o futuro do nosso belo país”, disse.

A paz e a reconciliação nacional, prosseguiu, foram conquistadas no dia 4 de abril de 2002, “mas devem ser construídas e preservadas nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano”.

“Todos os anos das nossas vidas, em cada gesto, em cada palavra, em cada atitude e comportamento do cidadão angolano”, defendeu, reconhecendo, ao mesmo tempo, os feitos e o patriotismo de todos os angolanos no processo para o alcance da paz.

Pelo menos 466 personalidades angolanas, entre civis e militares, foram esta terça-feira condecoradas por João Lourenço, com outorga da Paz e Concórdia, Ordem de Mérito Civil, Ordem dos Combatentes da Liberdade e outras no âmbito da efeméride.

Os políticos Abel Chivukuvuku, coordenador do projeto político PRA JÁ Servir Angola (oposição), Isaías Samakuva, ex-presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, oposição), Lucas Ngonda, ex-presidente da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), algumas vítimas do 27 de Maio de 1977 (a título póstumo), generais, comissários, nacionalistas, músicos, desportivas e outros foram condecorados nesta cerimónia.

“Quisemos aproveitar esta importante data para reconhecer os feitos e o patriotismo dos angolanos no geral, aqui representados por civis e militares que se distinguiram na luta pela independência nacional, na defesa da soberania nacional e na conquista e preservação da paz e reconciliação nacional e que, por esta razão, foram galardoados nesta cerimónia solene com Ordens e Medalhas de diferentes graus e classes”, salientou João Lourenço.

A nação fica-vos eternamente grata por tudo quanto fizeram em prol de Angola e dos angolanos”, frisou.

O chefe de Estado felicitou igualmente os jovens angolanos, neste mês a eles dedicado, referindo que foram os jovens que durante muitos anos viram as suas carreiras estudantis ou profissional, temporária ou definitivamente interrompidas, para servirem a pátria na defesa da soberania nacional e da integridade territorial.

Realçou que esta mesma juventude, “que com o alcance da paz, tem vindo a reconstruir” as infraestruturas do país, a construir as estradas, as diferentes indústrias, a erguer as centralidades, os hospitais, as universidades, as escolas, as barragens hidroelétricas e outras.

“No passado e no presente, a juventude sempre foi uma força determinante para o desenvolvimento do nosso país, onde ela representa uma parte bastante expressiva da população angolana”, apontou.

O chefe de Estado referiu que é preciso “cuidar bem” da juventude, “transmitindo-lhe os valores do patriotismo, da ética, do civismo, do amor ao trabalho, de dedicação aos estudos e à leitura, da defesa do ambiente e da natureza, do respeito e proteção aos velhos, à criança e à mulher”.

“Procuremos ficar sempre associados às boas causas, a políticas e programas que criam, educam e formam jovens que defendem e constroem a paz, a estabilidade e a ordem social, que preservam o património público e privado”, notou.

Defendeu ainda, na sua intervenção, a necessidade de se “aproveitar ao máximo” todo o potencial da juventude angolana, sua força interior, energia, vigor, inteligência, espírito inovador e empreendedor, “para melhor servir” o país.

Angola assinala esta terça-feira 21 anos paz em celebração ao memorando complementar da paz assinado no Luena, província do Moxico, em 04 de abril de 2002, entre o Governo angolano e a UNITA, que ditou o fim da guerra civil.

O ato central da efeméride foi realizado na província do Namibe e presidido pela ministra de Estado para a Área Social, Dalva Ringote, em representação de João Lourenço.