O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, está “chocado e horrorizado” com a “violência” das forças de segurança israelitas na Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, na noite passada, disse esta quarta-feira o seu porta-voz.
“O secretário-geral está chocado e horrorizado com as imagens que viu esta manhã de violência e espancamentos por parte das forças de segurança israelitas dentro” da mesquita de Al-Aqsa, indicou Stéphane Dujarric, destacando que este “momento do calendário, sagrado para os judeus, cristãos e muçulmanos, deve ser um momento de paz e não de violência”.
“Os locais de culto devem ser usados apenas para práticas religiosas pacíficas”, acrescentou.
Dujarric repetiu uma declaração do coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, que pediu aos líderes políticos, religiosos e comunitários de todos os lados que rejeitem o incitamento, retórica inflamatória e ações de provocação.
ONU pede que líderes palestinianos e israelitas rejeitem ações de provocação
Wennesland disse que os líderes devem agir com responsabilidade e evitar medidas que possam aumentar as tensões, e afirmou que a ONU está em contacto próximo com todas as partes envolvidas.
A polícia antimotim israelita entrou esta madrugada na mesquita de Al-Aqsa e envolveu-se em confrontos com palestinianos que se tinham barricado no templo com pedras e fogo-de-artifício.
Em imagens publicadas nas redes sociais é possível ver agentes a carregarem contra fiéis muçulmanos na mesquita de Al-Aqsa.
Os confrontos provocaram mais de uma dezena de feridos palestinianos e cerca de 400 detidos, naqueles que são os acontecimentos mais tensos da região desde que começou o mês sagrado muçulmano do Ramadão, há duas semanas.
Os confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islão e um símbolo nacional para os palestinianos, foram seguidos pelo lançamento de dez foguetes pelas milícias de Gaza contra Israel, aos quais o exército israelita respondeu com bombardeamentos de retaliação contra postos militares do grupo islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2007.
Os incidentes na mesquita já levaram a Liga Árabe, através da Jordânia, a convocar uma reunião extraordinária da organização e Marrocos, signatário dos Acordos de Abraão, a condenar “veementemente” a intervenção da polícia israelita e a denunciar a “agressão e o terror contra fiéis em pleno mês do Ramadão”.
Pelo segundo ano consecutivo, o mês sagrado muçulmano coincide em 2023 com as celebrações da Páscoa judaica, que começam hoje à tarde e costumam registar um aumento do número de judeus que visitam a Esplanada das Mesquitas, gerando a reação dos fiéis palestinianos.
Israel assumiu o controlo de Jerusalém Oriental e da Cisjordânia em 1967 e, desde então, manteve uma ocupação e colonização desses territórios, uma das mais longas da história recente.
Por sua vez, os poucos mais de três meses de 2023 marcam o início do ano mais violento no quadro do conflito israelo-palestiniano desde 2000.
Este ano, 92 palestinianos já morreram em incidentes violentos com Israel, enquanto do lado israelita, 15 pessoas morreram em ataques perpetrados por palestinianos.