O filho do senador Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-Presidente John F. Kennedy quer apresentar-se como candidato às primárias dos Democratas e, assim, desafiar Joe Biden na corrida à Casa Branca de 2024. O advogado de 69 anos tem sido polémico pelas posições antivacinas que defende há anos e que foram acentuadas durante a pandemia da Covid-19.

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Robert F. Kennedy Jr. já tinha dado a entender que ponderava avançar com uma candidatura. Numa publicação no Twitter, nos mês passado, pediu que os utilizadores da rede social o ajudassem a decidir.

“Se parecer que consigo angariar dinheiro suficiente e mobilizar pessoas suficientes para ganhar, vou avançar para a corrida. Se me candidatar, a minha principal prioridade será acabar com a fusão corrupta do poder estatal com o poder empresarial que tem arruinado a nossa economia, despedaçado a classe média, poluído as nossas paisagens e águas, envenenado os nossos filhos e roubado os nosso valores e liberdades. Juntos podemos restaurar a democracia da América”, escreveu.

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Na quarta-feira, Kennedy Jr. apresentou os documentos para dar esse passo à Comissão Eleitoral Federal e, assim, tornar-se no segundo nome a fazer frente a Joe Biden, que deverá recandidatar-se à Casa Branca. O atual presidente dos EUA ainda não apresentou uma candidatura formal, mas já sinalizou que procurará uma reeleição, pelo que o caminho de Kennedy Jr. não deverá ficar facilitado. A escritora Marianne Williamson também já apresentou uma candidatura.

O membro do clã Kennedy é conhecido pelas suas posições antivacinas, que lhe valeram críticas até dentro da própria família. O irmão, a irmã e uma sobrinha chegaram a publicar um artigo de opinião, no Politico, em 2019, em que o acusavam de fazer parte de uma campanha de desinformação e alertavam para as “consequências mortais” das suas declarações.

O advogado da área ambiental tem defendido que as vacinas não são seguras e feito ligações entre a vacinação e o autismo em crianças. Este género de posições antivacinas são defendidas por Robert F. Kennedy Jr. há 15 anos, mas foram intensificadas durante a pandemia.

Em 2021, lançou o livro “O Verdadeiro Anthony Fauci”, sobre o ex-conselheiro do Presidente norte-americano para as políticas de Saúde e antigo diretor do Instituo Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, em que acusava o epidemiologista de participar num “golpe de Estado histórico contra a democracia ocidental”.

Kennedy chegou, aliás, a comparar a resposta do governo dos EUA perante a Covid-19 às leis na Alemanha Nazi. Em 2021, foi suspenso do Instagram por divulgar informação falsa sobre a Covid-19 e, assim, violar as políticas sobre a pandemia daquela rede social. Nalguns casos, pediu desculpas publicamente por algumas declarações, como quando sugeriu que as pessoas em 2022 estavam a passar por uma situação pior do que Anne Frank.

“Robert F Kennedy Jr. é provavelmente o líder mais notório anti-vacinas nos EUA neste momento”, disse, em fevereiro de 2022, Imran Ahmed, líder de uma organização britânica sem fins lucrativos que luta contra o ódio online, o Center for Countering Digital Hate, que tem escritórios em Londres e Washington. Ahmed acusou mesmo Kennedy Jr. de tirar vantagem do apelido para conseguir apoios de democratas e republicanos. Robert F. Kennedy Jr. é filho do senador norte-americano Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-Presidente John F. Kennedy, ambos assassinados nos EUA, nos anos 60.

O The Guardian escreve que Kennedy Jr. apareceu, recentemente, em eventos de defensores da tese de que as eleições presidenciais de 2020 foram roubadas e da invasão ao Capitólio em 2021.