Aumentou em cerca de 20%, este ano, o custo médio dos trabalhos de limpeza de terrenos. E há pouca gente para fazer esses trabalhos. Segundo o Jornal de Notícias, os proprietários estão a ter de pagar mais caro para que sejam limpos os seus terrenos, como manda a lei, um trabalho feito sobretudo por pequenas empresas que se queixam de falta de mão de obra.
Nos termos da lei, os donos de terrenos rurais têm de os limpar até ao dia 30 de abril. Os proprietários em espaço urbano têm mais tempo, até 31 de maio. A partir do próximo mês começa a fiscalização por parte da GNR, com um valor mínimo das multas de 150 euros.
Os preços médios que estão a ser apresentados aos proprietários situam-se entre 300 e 400 euros por hectare, para terrenos fáceis de limpar, e 1500 a dois mil euros, em zonas mais complicadas, disse, ao JN, Pedro Serra Ramos, presidente da Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente. O aumento “na ordem dos 20%” face a 2022 é explicado por fatores como o preço dos combustíveis, equipamentos e material de substituição.
O aumento do custo e a falta de pessoal para trabalhar em limpeza de matas surge num ano que se prevê se alto risco de incêndios. Em março, a Comissão Europeia avisou para a probabilidade de o próximo verão ser mais seco nos países do Sul e do Mediterrâneo – os especialistas ouvidos pelo Jornal de Notícias dizem que ainda é um pouco cedo para prever como será o verão e que muito depende da pluviosidade dos próximos meses.
Miguel Miranda, presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), diz que nesta fase “estamos com valores muito elevados de perigo de incêndio. Tivemos dezembro e janeiro muito chuvosos que melhoraram muito a nossa situação anterior, mas também amplificaram a produção vegetal praticamente em todo o território”. Fevereiro e março foram meses “muito secos” e, “se tivermos, agora, um terceiro mês [abril] muito seco, vamos ter uma situação complicada para gerir”, afirmou Miguel Miranda, acrescentando que o “risco de incêndio depende muito dos dias sem chuva prévios a cada situação”.