A Iniciativa Liberal desafiou esta quarta-feira os restantes partidos para um “escrutínio mais apertado” à gestão no setor empresarial do Estado, depois das “descobertas assustadoras” na comissão de inquérito à TAP, questionando o que acontecerá noutras empresas públicas.

Nas declarações políticas desta quarta-feira, Carlos Guimarães Pinto, da IL, elencou as “intromissões do Governo na gestão operacional, o nepotismo, as indemnizações ilegais e as mentiras” que têm vindo a público na comissão de inquérito à TAP, considerando que tudo o que já foi descoberto “é assustador”.

“Se numa empresa com os holofotes em cima o Governo se comporta assim, como será nas outras empresas públicas”, questionou o liberal, apontando que “deve assustar ainda mais” o que não se sabe que acontece noutras empresas sob tutela do Estado.

Acusando o Governo de politizar e partidarizar as empresas públicas, Carlos Guimarães Pinto lançou um repto a todos os grupos parlamentares: “Que façamos um escrutínio mais apertado à gestão das empresas do setor empresarial do Estado com todas as ferramentas que temos ao nosso dispor, requerimentos, audições e, sim, mais comissões de inquérito no futuro”.

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Se os outros partidos não acompanharem este desafio, o deputado deixou a garantia que a IL vai insistir neste escrutínio porque devem isso “aos contribuintes a quem os socialistas garantem que o estado não tem onde cortar”.

Paulo Rios de Oliveira, do PSD, concordou que tudo o que já se descobriu sobre a TAP é assustador e deixou claro que não acompanha o “preconceito socialista”, mas também avisou que nem sempre “a IL e o liberalismo é um bom remédio”.

“Sem prejuízo de acompanhar a vontade de maior escrutínio, quais as áreas que a IL reservaria então para que as entidades públicas pudessem intervir”, perguntou.

Pelo PS, foi Hugo Carvalho que criticou o “discurso fácil, demagógico e preconceituoso” de Carlos Guimarães Pinto, acusando a IL de prosseguir a estratégia do “quanto pior melhor” por achar que “isso lhe serve os propósitos futuros”.

“A Iniciativa Liberal faz, neste debate, da demagogia a cor com que pinta o quadro do país”, condenou o socialista.

Já pelo PCP, Bruno Dias, defendeu que a TAP não tem sido “a gestão pública que o país precisa”, mas criticou a conclusão retirada pela IL que é “pegar fogo” a tudo o que é público no país, considerando que as críticas dos liberais passam ao lado da “promiscuidade da gestão privada”.

Pedro Filipe Soares, do BE, afirmou que “sempre que há promiscuidade, o Bloco denuncia” e recordou que a iniciativa da comissão de inquérito foi dos bloquistas, assegurando que o partido se associa a “qualquer repto de maior escrutínio, de maior exigência”, mas recusando o raciocínio dos liberais sobre a causa pública.

O Chega, pela voz do deputado Pedro Pessanha, concordou que o Governo “tem sido incapaz de cortar as gorduras do estado” e defendeu um modelo de autonomização dos serviços do Estado, questionando se a IL “defende uma privatização selvagem dos serviços públicos a régua e esquadro”.

Nas respostas, Carlos Guimarães Pinto disse ao PS que os liberais foram os únicos “exigentes com a gestão privada da TAP porque defenderem que os acionistas deviam ter perdido todo o seu dinheiro” durante a pandemia, assegurando que manterão a exigência tanto com as gestões privadas como com as públicas.

Já ao Chega, o deputado liberal referiu que achava “muita piada” aos deputados do partido de André Ventura, porque “um dia são sociais-democratas, outros fascistas, outros comunistas”, e atirou: “vocês são os travestis da política portuguesa”.