Pelo menos 330 pessoas morreram e 3.200 ficaram feridas em resultado dos confrontos entre tropas do Governo e de um grupo paramilitar no Sudão, disse esta quinta-feira fonte do gabinete da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Mediterrâneo Oriental.

“Desde 15 de abril, cerca de 330 pessoas foram mortas e quase 3.200 feridas como resultado de confrontos entre o Governo e as forças armadas da oposição [Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês)], em Cartum e outros estados, incluindo os de Darfur”, disse o diretor regional da OMS, Ahmed al-Mandhari, numa conferência de imprensa virtual.

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O responsável da OMS salientou que “os relatos de agressões sexuais a trabalhadores da ajuda internacional são também muito preocupantes, assim como os de ataques aos cuidados de saúde, incluindo agressões a trabalhadores da saúde, ocupação militar de hospitais, pilhagem e sequestro de ambulâncias”.

Al-Mandhari disse que a insegurança “restringe a circulação em Cartum”, capital do Sudão, tornando difícil o acesso de médicos, enfermeiros, pacientes e ambulâncias às instalações de saúde, e pondo em perigo a vida das pessoas que necessitam de cuidados médicos urgentes.

A partir desta quinta-feira, segundo o Ministério da Saúde, 20 hospitais foram obrigados a fechar, devido aos ataques ou falta de recursos, e oito outros centros de saúde estão em risco de encerramento devido ao cansaço do pessoal ou à falta de médicos e abastecimentos, disse o responsável de Omani.

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Já a União dos Médicos do Sudão afirmou esta quinta-feira que 70% dos hospitais de Cartum e dos estados em redor do conflito estão fora de serviço: “Dos 74 hospitais da capital e dos estados em redor das áreas de combate, 52 estão fora de serviço“, disse.

“Apelamos a todas as partes para que ponham em prática uma pausa para ajuda humanitária sustentada o mais rapidamente possível para que as pessoas das zonas de combates possam procurar refúgio”, disse Al-Mandhari.

A OMS realçou também que “estão atualmente a circular no país múltiplos surtos de doenças, incluindo sarampo, poliovírus, o primeiro surto de dengue em Cartum e um aumento dos casos de malária em todo o país”.

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Antes da crise atual, 15,8 milhões de pessoas no Sudão — um terço da população — necessitava de assistência humanitária e agora está a assistir-se “a uma deterioração traumática do que já era uma situação humanitária muito difícil”.

O Sudão é um dos sete países do Corno de África afetados pela insegurança alimentar, e mais de um quarto da população já enfrenta uma crise alimentar, de acordo com a OMS.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, participará esta quinta-feira numa reunião virtual com a União Africana, a Liga Árabe e representantes de outras organizações para discutir a situação no Sudão.