Uma professora catedrática da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto foi alvo de uma queixa na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) apresentada por 20 investigadores e alunos de doutoramento há cerca de um ano.

O caso é contado pelo jornal Expresso, que teve acesso à denúncia. Na queixa, a professora é acusada de “assédio moral, sexual e discriminação”. Em concreto, os estudantes e investigadores falam no uso “constante” de insultos e linguagem escatológica. Como exemplos, dizem que a professora comentava a roupa das doutorandas e apelidava-as de “osgas” e “prostitutas colombianas” e que se dirigia aos homens que julgava serem homossexuais como “cinderela” e “florzinha”. Falam também em comportamentos “violentos” como “projeção de objetos” e “levantar a mão”.

Três investigadores ouvidos pelo Expresso dão mais pormenores. “As humilhações eram permanentes. Passava horas aos gritos, a chamar-nos burras, vacas, avantesmas e muitos outros nomes. Só parava quando chorávamos”, diz uma. Havia também comentários sexuais, como pedir às mulheres que descrevessem o “chumaço” que se notava nas calças dos colegas, e pedidos de envio de fotografias da roupa interior.

A ACT terá remetido a queixa de março de 2022 para a Inspeção-Geral de Educação e Ciência em janeiro deste ano. Terá também multado a Faculdade por esta não dispor de um código de conduta para combate ao assédio, algo que é obrigatório desde 2017. A Inspeção-Geral não tomou qualquer iniciativa por considerar que a Faculdade tem competência para levar a cabo o seu próprio inquérito sobre o tema.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR