A associação ambientalista Zero criticou esta segunda-feira as soluções apresentadas para o reforço da resiliência hídrica do rio Tejo, questionando a fundamentação técnica e considerando que são “um caminho para viabilizar” a prática “insustentável” do regadio.

As críticas da Zero foram divulgadas um dia após ter terminado a consulta pública sobre as soluções para a resiliência do rio Tejo, com o objetivo de “aumentar a capacidade de armazenamento” e de garantir “caudais ambientais”.

A construção da barragem do Alvito (distrito de Castelo Branco), no rio Ocresa, a alteração da classificação da albufeira do Cabril e a possibilidade de interligação do sistema Zêzere-Tejo, através de um túnel, para lançamento dos caudais reservados são algumas das propostas que constam no documento que esteve em discussão pública até domingo.

“A Zero questionou, em primeiro lugar, a fundamentação técnica que está na base das soluções que foram apresentadas, uma vez que o documento colocado em discussão pública não era mais do que uma apresentação PowerPoint desprovida de informação técnica que permitisse fazer uma correta apreciação e dar contributos objetivos”, lê-se na nota da associação ambientalista.

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Insistindo que existe uma “ausência de fundamentação técnica”, a Zero conclui que aquilo que foi colocado à discussão pública “não serão mais do que meras vontades políticas que têm como aparente objetivo satisfazer os interesses de um setor que é o maior consumidor de água a nível nacional”, dando como exemplo a construção da barragem do Alvito.

“A barragem de Alvito, um exemplo disso mesmo, já que é apresentado como fundamental para aumentar os caudais do Tejo, fator essencial para a viabilização do Projeto Tejo, um projeto privado que visa a expansão da área de regadio nas regiões do Tejo e Oeste com um investimento total próximo dos cinco mil milhões de euros”, refere a Zero.

A associação considera, igualmente, que existe “escassa informação disponibilizada” sobre os projetos previstos para a albufeira do rio Cabril e para a construção de um túnel, apontando a falta de uma avaliação dos impactos ambientais.

“O investimento de 100 milhões de euros na construção de um túnel para dar estabilidade aos caudais no troço entre a barragem de Belver e Constância, quando a substancial dependência dos caudais provenientes de Espanha neste troço revela que a solução para uma maior estabilidade dos caudais estará na definição de caudais ecológicos e na sua negociação com Espanha”, sugerem.

Em março, durante a sessão pública de apresentação das soluções para o reforço da resiliência hídrica do Tejo, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, defendeu que a construção da barragem do Alvito e a reutilização de águas tratadas para a agricultura são duas soluções importantes para o reforço da resiliência hidrográfica do Tejo.

No dia seguinte, o Movimento pelo Tejo — proTEJO, criticou o Governo por “ressuscitar” a barragem do Alvito e defendeu que a solução mais simples é a implementação de caudais ecológicos regulares vindos de Espanha.

Movimento proTejo critica Governo por “ressuscitar” barragem do Alvito